Macacos-prego machos que vivem em parques de Goiânia devem passar por vasectomias, dentro de cerca de cinco meses. A medida de controle populacional é parte do projeto Plataforma de Alimentação dos Primatas, desenvolvido desde 2006 pela Agência Municipal do Meio Ambiente de Goiânia (Amma). Serão esterilizados machos adultos líderes, que costumam comandar cerca de oito fêmeas e seus filhotes.
“O projeto surgiu com o intuito de conhecer os hábitos dos macacos e suas mudanças comportamentais depois da convivência com humanos, que acontece nos parques. Percebemos que os macacos apresentaram aumento de peso e passaram a invadir casas depois de serem cotidianamente alimentados pelas pessoas. Isso porque os animais foram condicionados a comer o que era oferecido pelas pessoas”, diz ao G1 Marize Moreira, gerente de proteção de manejo da fauna silvestre da Amma.
“Conseguimos diagnosticar precocemente que a febre amarela estava circulando entre os animais, que convivem próximos às pessoas nos parques. Isso permitiu que a Secretaria Municipal de Saúde tomasse todas as medidas preventivas necessárias”, afirma.
Apesar dos benefícios que trouxe aos estudos sobre a febre amarela e sobre o comportamento dos macacos-prego, desde o seu início o projeto pretendia controlar a população dos animais por meio da vasectomia. “Depois de detectarmos a febre amarela precocemente, conseguimos parcerias com o Centro Nacional de Primatas e o Instituto Evandro Chagas. Essas parcerias viabilizaram as vasectomias, que eram nosso objetivo desde o começo do projeto.”
A operação de vasectomia ainda precisa ser aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Goiás. Depois de aprovada, será preciso estabelecer um cronograma de ações e definir o número de macacos que serão atendidos. “Dentro de quatro ou cinco meses começaremos a fazer as capturas. Além da vasectomia, vamos coletar sangue dos macacos para que o Instituto analise a existência de vírus. Tudo isso nos fará avançar na pesquisa sobre a febre amarela”, diz Marize.
A vasectomia, ainda de acordo com a especialista, não provoca alterações hormonais nos macacos-prego, ou seja, eles permanecem agindo como líderes de seus grupos e continuam copulando com as fêmeas, sem fecundá-las.
Fonte: G1