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Seis macacos morreram de estresse em zoológico do Oregon

22 de junho de 2014
3 min. de leitura
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(da Redação)

Foto: Ecorazzi
Foto: Ecorazzi

Após seis macacos “cotton-top tamarin” (Saguinus oedipus, ou “saguis-cabeça-de-algodão”, como são conhecidos no Brasil) terem sido encontrados mortos no Zoológico de Oregon no fim de maio, uma investigação revelou que eles morreram de estresse, como resultado de uma viagem de 50 horas. As informações são da Ecorazzi.

Um relatório do veterinário do zoológico, Michael Garner, aponta que cinco fêmeas e um macho morreram com sintomas “consistentes com um choque agudo sistêmico”, embora não estivesse descartada a possibilidade de insolação ou aspiração de toxinas como outras possíveis causas.

Os macacos foram encontrados mortos dois dias depois de terem sido transportados da costa leste até Portland dentro de caixas térmicas de piquenique, onde haviam sido abertos orifícios.

“Como se sabe, essas caixas são feitas para conservar comida e bebidas, sem ventilação apropriada que permita a circulação”, escreveu Jennifer Davis, que trabalha como curadora de primatas da África para o zoológico, em um relatório. “Eu particularmente acredito que pode ser perigoso, especialmente dependendo do tamanho e do número de animais”.

Infelizmente, as preocupações de Davis vieram muito tarde, e os animais foram transportados em uma van por 50 horas dentro das caixas. Quando chegaram, os tratadores notaram que os animais aparentavam estar saudáveis mas “muito excitados e nervosos”, e mantiveram-lhes dentro das caixas no período que eles chamam de “quarentena”. Dois dias depois, a técnica veterinária Margot Monti encontrou mortos seis dos nove animais.

“Eu vi a cabeça de um dos animais tentando sair da caixa”, disse Monti, no relatório. “Mas não estava se mexendo, então eu gentilmente balancei a caixa. Como não havia reação, eu toquei o topo da cabeça do animal com a mão protegida por uma luva e descobri que estava dura e fria”.

O vice diretor do zoológico, Chris Pfefferkorn, afirmou em uma reunião no dia 28 de maio que ele tentou avisar o “doador” dos macacos que 50 horas poderiam ser muito tempo de viagem, mas ele foi informado de que já haviam feito isso antes com sucesso.

O “doador” em questão era a Escola de Medicina de Harvard, que divulgou um comunicado defendendo a prática.

Este não é o primeiro incidente envolvendo os animais do Zoológico de Oregon. Em 2008, uma fêmea de rinoceronte-negro foi conduzida através da fronteira por um funcionário. Ela morreu na traseira do caminhão, fora de Phoenix. Além disso, em maio desse ano, um diretor do zoológico e o veterinário chefe foram demitidos após terem sido acusados de ocultar informações referentes à morte de um orangotango-de-Sumatra.

Segundo a reportagem, os relatórios que investigaram a morte dos seis macacos mostraram que a equipe do zoológico alterna a responsabilidade pelo ocorrido entre diferentes departamentos.

Os macacos sobreviventes ainda estão sob a tutela do zoológico.

Espécie ameaçada

Os macacos “cotton-top tamarin” –  ou “saguis-cabeça-de-algodão” – são considerados uma espécie criticamente ameaçada, e já foram listados entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo. São os menores primatas conhecidos, pesando menos de 500 gramas, e são caracterizados pelo tufo de pelos brancos que se estende da cabeça até o pescoço.

São encontrados nas florestas tropicais da Colômbia. Estima-se que mais de 40 mil indivíduos foram capturados e exportados para pesquisas médicas até 1976, quando a Convenção sobre o comércio internacional de espécies ameaçadas (CITES) baniu o comércio internacional da espécie.

Atualmente, de acordo com a IUCN (International Union for Conservation of Nature), existem apenas 6.000 indivíduos na natureza, sendo 2.000 adultos.

O colapso da população se deu principalmente devido à perda de 75% do habitat para o desmatamento, com as florestas reduzidas a menos de 5% de sua cobertura original, o que se deu quando a ação humana priorizou a pecuária, a indústria madeireira e os projetos de hidrelétricas.

 

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