Uma cena horrível se desenrolou na terça-feira (28/10) no Mississippi (EUA), quando um caminhão que transportava macacos engaiolados, usados em testes de laboratório, tombou em uma rodovia Interestadual. Os animais, que supostamente estavam sendo transportados da Universidade de Tulane, em Nova Orleans, para um centro de testes na Flórida, eram macacos rhesus, espécie de macaco muito explorada em pesquisas biomédicas.
Segundo o Gabinete do Xerife do Condado de Jasper, 21 macacos estavam a bordo do caminhão quando este sofreu o acidente. Vários escaparam e as autoridades rapidamente os classificaram como “agressivos” e potencialmente portadores de doenças como hepatite C, herpes e COVID-19, alegações posteriormente contestadas por autoridades da Universidade de Tulane, que afirmaram que os macacos não estavam infectados nem eram agressivos. Mesmo assim, em vez de tentar resgatar ou conter os animais em segurança, as autoridades confirmaram que quase todos os macacos que escaparam foram mortos a tiros, enquanto três permanecem desaparecidos.
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O incidente provocou indignação entre os defensores dos direitos animais e perturbou os moradores locais, muitos dos quais ficaram horrorizados com o fato de primatas inteligentes e assustados, já vítimas da exploração humana, terem sido mortos a tiros após sobreviverem a um acidente violento.
Essa tragédia mostra a realidade da indústria de testes em animais. Por trás das paredes estéreis de laboratórios e de rótulos vagos de “transporte para pesquisa”, existem seres vivos, sociais e inteligentes, capazes de sentir medo, dor e sofrimento. Os macacos rhesus compartilham profundas semelhanças genéticas e emocionais com os humanos, formam laços para a vida toda, consolam-se mutuamente em momentos de angústia e demonstram empatia. No entanto, em nome da ciência, são enjaulados, usados em experimentos e tratados como carga descartável.
O que torna essa tragédia ainda mais perturbadora é que esses animais estavam sendo transferidos entre instalações, parte de uma vasta rede de operações de testes em animais que continua a ocorrer em grande parte longe dos olhos do público. A visão de suas gaiolas espalhadas por uma rodovia do Mississippi deveria nos levar a todos a perguntar: o que estamos fazendo com esses seres e por quê?
O uso de animais em testes é cruel e desnecessário. Alternativas modernas, como pesquisas com células humanas, tecnologia de órgãos em chips e organoides, estão se mostrando mais precisas, éticas e humanas. No entanto, ano após ano, milhares de macacos são criados, transportados e submetidos a experimentos dolorosos em laboratórios por todos os Estados Unidos.
Se há alguma lição a ser aprendida com este evento devastador, é que os testes em animais devem acabar, não daqui a anos, não “eventualmente”, mas agora. O verdadeiro progresso da ciência exige compaixão, não crueldade. O futuro da pesquisa deve ser construído sobre o respeito à vida, não sobre o sofrimento de seres que nunca tiveram escolha.
Chegou a hora de os Estados Unidos proibirem os testes em animais de uma vez por todas. Os macacos que morreram na rodovia do Mississippi devem servir como um lembrete perturbador: o preço da indiferença é sempre pago pelos inocentes.
Traduzido de World Animal News.