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RESTAURADORES DA FLORESTA

Macacos de espécie ameaçada são flagrados por drones com câmeras termais em Cachoeiras de Macacu (RJ)

26 de setembro de 2024
3 min. de leitura
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Foto: Divulgação

Dois grupos de macacos da espécie muriqui-do-sul, classificada como criticamente ameaçada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), foram flagrados por drones com câmeras termais no Parque Estadual dos Três Picos, em Cachoeiras de Macacu (RJ). Desde 2023, biólogos monitoram a população de animais. A nova tecnologia é usada pelos pesquisadores apoiados pelo Projeto Guapiaçu, realizado pela organização Ação Socioambiental, em parceria com a Petrobras.

“Os avistamentos indicam que a espécie está presente na área e se reproduzindo, já que foram avistados fêmea com filhote e diversos animais jovens. Este trabalho de rastreamento gera informações fundamentais para a conservação dos muriquis como tamanho populacional, número de grupos sociais, dinâmica e uso do espaço”, explica Reginaldo Honorato, pesquisador de Biodiversidade do Caminho da Mata Atlântica, instituição que recebe apoio do Projeto Guapiaçu.

O muriqui-do-sul é o maior dentre os primatas do continente americano, podendo pesar mais de 12kg e medir até 1,5m. Sua interação com o ecossistema onde vive, apontam os biólogos, é vital para a manutenção da flora, já que é considerado um dos principais “restauradores da floresta”.

O primeiro avistamento na floresta aconteceu na segunda quinzena de julho, quando pesquisadores caminhavam pelas trilhas da reserva, dentro do Parque Estadual dos Três Picos, no interior fluminense, e encontraram pelo chão da floresta restos de frutos e sementes, indicando que algum grupo estava por perto ou havia passado havia pouco. Diante das boas condições de tempo, o drone levantou voo e flagrou 12 muriquis. O segundo grupo, de seis animais, foi visto no dia 12 de agosto após uma dupla de pesquisadores escutar o barulho de galhos torcidos no topo de uma trilha.

“Conforme novos avistamentos venham a ocorrer, poderemos responder a algumas questões-chave que envolvem a espécie, entender melhor suas interações com outros grupos de primatas, com o clima, com as estações e com diversos componentes florestais”, comemora Honorato.

O monitoramento dos muriquis na Reserva Ecológica Guapiaçu (Regua) e em outras partes do Parque Estadual dos Três Picos ocorre desde 2017, mas o uso de drone termal nas buscas começou em 2023. A cada dia, a equipe de pesquisadores percorre por terra cerca de 16 quilômetros, realizando busca ativa nas trilhas da parte alta do parque. Ao encontrarem indícios da presença dos primatas, eles decolam a aeronave controlada de forma remota para tentar fazer imagens captadas com o calor do corpo dos animais.

Segundo pesquisadores do projeto, o drone termal oferece uma vantagem significativa em relação ao equipamento convencional, já que captura imagens por infravermelho e proporciona maior visibilidade na paisagem.

“Essa tecnologia se torna ainda mais eficaz em dias frios ou nublados, quando o contraste térmico entre o dossel (a cobertura formada pelas copas das árvores) e os animais presentes é acentuado, facilitando a detecção”, informam, em nota, organizadores do projeto.

Muitas vezes, mesmo que nenhum indício da presença dos animais seja encontrado pelos pesquisadores durante as caminhadas, o dispositivo é acionado para ampliar a área da procura para além das trilhas predefinidas.

“O uso do drone equipado com câmera termal é revolucionário para o nosso trabalho porque nos ajuda a superar diversas barreiras. A busca tradicional feita pela equipe tem uma série de desafios, como a forte declividade dos terrenos onde os muriquis vivem e a necessidade de travessia de rios. Com o novo equipamento, ampliamos nossa área de atuação, entrando mais fundo na floresta”, afirma Gabriela Viana, presidente do Ação Socioambiental e coordenadora executiva do Projeto Guapiaçu.

Fonte: Um Só Planeta

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