Acostumado a lidar com cães e gatos no dia a dia, o veterinário que fez o primeiro atendimento de sete filhotes da espécie de macaco-prego que foram resgatados nessa quarta-feira (19) em Santa Cruz do Rio Pardo não esperava reencontrar os animais que apenas tinha lidado na faculdade.
Segundo Caio Sérgio, os filhotes, alguns inclusive com dias de vida e ainda com parte do cordão umbilical, estavam em situação de maus-tratos.
“Os animais chegaram na clínica em uma situação revoltante. Muitos deles com um alto grau de desidratação e letárgicos, já que estavam há muito tempo sem comer. O mais ‘velho’ aparentava ter no máximo dois meses e os outros filhotes em torno de 25 dias. Os animais estavam, inclusive, com parte do cordão umbilical. Isso mostra que a retirada desses animais do habitat natural deles está começando cada vez mais cedo”, explica o veterinário.
Outros sintomas de maus-tratos foram constatados nos macacos, como também a hipertermia. Os animais foram encontrados dentro de pequenas caixas no porta-malas de um carro.
De acordo com o veterinário, o caso, apesar de raro na região, preocupa, já que pode indicar um possível aumento de ocorrência de tráfico de animais silvestres na região.
“O homem preso relatou à polícia que venderia cada animal por mais de R$ 4 mil. A preocupação com ocorrências assim é que mais animais podem estar passando pela região para serem vendidos sem a gente nem fazer ideia.”
Apesar de terem sido encontrados bastante debilitados, os filhotes de macaco foram reanimados pelo veterinário e nenhum precisou ser internado.
Eles foram encaminhados à Associação Protetora dos Animais Silvestres (APASS) de Assis – associação que recebe animais vítimas de maus-tratos e resgatados pelas polícias Ambiental e Rodoviária.
O suspeito de dirigir o carro, que saiu de Londrina (PR) com destino a Osasco (SP), foi preso em flagrante por tráfico de animais silvestres e receptação, já que o carro que ele utilizava pertencia a uma locadora, que registrou um boletim por apropriação indébita.
O caso foi registrado na delegacia de Santa Cruz do Rio Pardo e o motorista encaminhado à cadeia da cidade de Espírito Santo do Turvo. A pena para quem trafica animais silvestres é de detenção de seis meses a um ano, além de multa.
Natália Tomaz de Godoy, diretora da APASS, confirmou que os animais são realmente muito jovens, sendo que dois deles são recém-nascidos, ainda com o cordão umbilical. Esses dois, explica Natália, chegaram à ONG muito desidratados e debilitados. Todos seguem em tratamento na ONG.
Fonte: G1