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RECOMEÇO

Macaca que foi aprisionada e torturada retorna para natureza dois anos após ser resgatada

Uma investigação feita pela BBC salvou ela e outros macacos, que ficaram anos em reabilitação para voltarem a ser livres

26 de outubro de 2024
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: BBC Eye

Mini, uma macaca-caranguejeira, foi resgatada após a investigação do BBC Eye, mostrada  no documentário The Monkey Haters, que expôs uma rede global de tortura de macacos online. Agora, ela finalmente pode voltar para a natureza.

Quando bebê, Mini foi retirada da floresta, e sua mãe foi morta. Ela foi vendida para um Youtuber que a torturava e filmava para clientes sádicos, principalmente nos Estados Unidos e no Reino Unido.

Em grupos privados no Telegram, pessoas discutiam ideias e faziam vaquinhas para os vídeos de tortura. Segundo o homem que liderava um desses grupos e se autodenominava “Rei da Tortura”, Mini era um “troféu sádico”. “Mini era tão popular nesse mundo de ódio… [quando] você pensa em antigas estrelas de cinema, Marilyn Monroes femininas, nesse nosso pequeno círculo demente, essa era Mini”, disse Rebecca Henschke, que comandou essa investigação.

Henschke, que passou mais de um ano rastreando Mini e seus torturadores, descobertos na investigação do BBC Eye, acompanhou sua libertação de volta à natureza. “Quando eu vi pela primeira vez a pequena e vulnerável Mini sendo abusada em vídeos online, fiquei obcecada em encontrá-la e vê-la livre. Foi incrível e emocionante vê-la entrar com coragem e curiosidade na natureza com uma família adotiva que cuidará dela”, declarou.

Mini passou dois anos em recuperação em um santuário para animais na ilha de Java Ocidental, na Indonésia. Só depois desse tempo especialistas julgaram que ela e sua família adotiva estavam prontos para voltar à natureza.⁠

A família de macacos-caranguejeiros foi levada para uma reserva natural protegida onde visitantes raramente são permitidos. Lá, Mini teve alguns dias para se recuperar da viagem antes de retornar para a natureza.

Femke De Haas, fundadora da Rede de Ajuda Animal de Jacarta (JAAN), já conseguiu libertar centenas de macacos de cauda longa que foram aprisionados e abusados. “Se tivéssemos qualquer dúvida sobre ela estar pronta para ser solta — Mini ou qualquer um de seus familiares — não os levaríamos para a floresta. Eles passaram por um processo muito longo de reabilitação, diferentes etapas. Observamos cada detalhe desse processo, e eles estão prontos para serem macacos de cauda longa independentes na floresta, onde pertencem”, contou De Haas.

Como reflexo da investigação, nove dos principais envolvidos na rede de tortura online se declararam culpados ou foram sentenciados, nos Estados Unidos. Duas mulheres, que eram figuras-chave no Reino Unido, se declararam culpadas e devem ser sentenciadas.

A investigação do BBC Eye também levou a mudanças legais no Reino Unido, obrigando as empresas de mídias sociais a remover conteúdo de crueldade animal de suas plataformas.

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