Há 14 anos, Carlos (vamos chamá-lo assim) foi passar férias em Moçambique e de lá trouxe companhia: uma macaca bebê que, durante todo esse tempo foi mantida em cativeiro numa casa na Venda do Pinheiro, em Mafra, Portugal. O feito ilegal, e cruel, vai custar a este homem de 54 anos e empresário na área da publicidade uma multa que oscilará entre 20 e 30 mil euros, bem como o desgosto da separação da sua macaca de estimação, que, neste momento, vive no Jardim Zoológico de Lisboa. Mas está infeliz.
Segundo fonte oficial do Jardim Zoológico, “o primata apreendido pela Guarda Nacional Republicana encontra-se de quarentena” e, ao que a reportagem apurou, a mudança de ambiente deixou a macaca, que terá hoje cerca de 15 anos, em estado depressivo.
De acordo com a presidente da Associação Animal, Rita Silva, “é perfeitamente normal que esteja deprimida”. E justifica: “Estamos falando de um ser altamente sociável e, independentemente das más condições em que poderia estar vivendo, desenvolveu laços afetivos com aqueles com quem se relacionou durante anos. Essa era a única vida que a macaca conhecia e, de repente, foi desmoronada”.
Para a Associação Animal, situações como esta têm de ser alteradas sim, mas de forma gradual, de maneira a não prejudicarem o bem-estar das espécies. Rita Silva diz ter sido por esse motivo que a associação, alertada para esta situação de cativeiro há cerca de meio ano, ainda não tomou uma medida drástica. “Antes de fazer o resgate, nós tentamos encontrar um santuário para a macaca”, explicou, adiantando que por santuário entende-se “um local que abriga, para o resto da vida, animais que viviam de forma antinatural e tenta recriar o seu habitat”. Algo que, frisa, não “acontece no jardim zoológico e razão pela qual discordamos da decisão de transferir a macaca para lá”.
Mas foi este o destino decidido pelo Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, após a macaca ter sido retirada do cativeiro. A reportagem tentou contatar esta entidade, mas não foi possível.
Era numa jaula, nas proximidades de casa, que Carlos mantinha a macaca que comprou com apenas um ano. O fim do cativeiro, que durou 14 anos, ocorreu pelas 10h30 de segunda-feira (23), quando o Destacamento Territorial de Mafra da Guarda Nacional Republicana, por meio do seu Núcleo de Proteção Ambiental, localizou a macaca. “Temos feito a recolha de muitas informações, nomeadamente de notícias publicadas, que nos conduziram até este animal”, disse um membro da Guarda Nacional Republicana, apelando às pessoas que conhecerem situações semelhantes a denúncia destas.
A Associação Animal também defende o resgate dos animais, mas nunca da forma “brutal como este foi feito”.
Com informações de Jornal DN
Nota da Redação: A aquisição de animais silvestres estimula o tráfico de animais. Ao se deparar com alguém tentando vender um animal, denuncie, jamais fomente a indústria do tráfico. Este animal, vítima do tráfico internacional de animais, além de ter sua mãe morta para que fosse possível a sua captura, viveu 15 anos em um cativeiro, e agora está enclausurado em um zoológico, onde os animais vivem uma situação triste e degradante, constantemente submetidos a condições de maus-tratos. Zoológicos têm de ser abolidos. A preservação das espécies deve ser garantida pela conservação do habitat natural e pelo combate ao tráfico internacional de animais, e não os prendendo em jaulas que tentam imitar seu ambiente natural. O melhor destino para esta macaca seria um santuário de proteção dos animais, onde poderia conviver com outros animais de sua espécie sem ser escravizada pela cobiça e irresponsabilidade humana.