A luz artificial noturna polui o ambiente natural ao adicionar luminosidade em locais que normalmente seriam escuros. Ela está presente tanto em áreas externas, como nas luzes que iluminam ruas e edifícios durante a noite, quanto em ambientes internos, como em nossos tablets e smartphones.
Agora, um novo estudo está sugerindo que a poluição luminosa — especialmente a luz no espectro azul — pode alterar o comportamento dos peixes em apenas algumas noites, gerando consequências tão profundas que estão afetando até seus filhotes.
A luz noturna está causando problemas graves em peixes
O estudo analisou como as fêmeas de peixes-zebra reagiram após serem expostas à luz artificial noturna, considerada a principal fonte de poluição luminosa no mundo. Os animais foram expostos a 10 tipos de luz: nove comprimentos de onda do espectro visível, além de luz branca. Todas as luzes tinham intensidade similar à luz de postes de rua, a qual os animais já ficam expostos naturalmente em ambientes externos.
Após oito noites de exposição, os peixes nadavam menos, ficavam juntos e passavam mais tempo perto das paredes do aquário, um comportamento associado à ansiedade animal conhecido como “tigmotaxia“.
Os perigos da luz azul
Já é um fato bastante conhecido que a luz azul afeta negativamente os seres humanos. Nos peixes, a luz azul foi capaz de causar efeitos negativos mais rápido do que qualquer outra luz: em apenas cinco dias, os peixes já apresentavam mudanças comportamentais.
“Isso é consistente com o que já sabemos sobre os humanos, onde a exposição à luz azul de dispositivos eletrônicos causa grande impacto no sono e em outros ciclos fisiológicos” – Aneesh Bose.
Embora o estudo não tenha investigado o mecanismo fisiológico exato que é perturbado nos peixes, os autores acreditam que a privação de sono pode explicar esses resultados, já que as mudanças comportamentais surgiram após alguns dias de exposição à luz. Basicamente, os peixes aguentaram algumas noites sem dormir, mas após várias noites mal dormidas, a privação de sono cobrou seu preço.
O estudo também revelou que os impactos da poluição luminosa foram tão profundos que acabaram sendo transmitidos para os seus filhotes. Após serem expostas à luz artificial, as fêmeas voltaram a se reproduzir, e seus filhotes foram criados em condições de luz normal. Mesmo sem exposição à luz noturna, os seus filhotes apresentaram comportamentos similares aos causados pelo stress da luz noturna.
Em outras palavras, a poluição luminosa está afetando o comportamento natural dos peixes de maneira tão profunda e perturbadora que está prejudicando até seus filhotes. Isso significa que os danos ambientais que estão sendo causados pela luz noturna podem ser muito mais profundos do que se imaginava até então.
Graças a estes resultados, os autores recomendam limitar o uso de fontes de luz em áreas próximas de habitats de animais, especialmente luz azul.
Fonte: Tempo