Por Raquel Soldera (da Redação)
O Afeganistão é um país que passou as últimas três décadas envolvido em várias guerras. A atual é causada pela milícia Talibã, cujo governo foi derrubado após a invasão liderada pelas forças americanas no final de 2001.
Paradoxalmente cansada das guerras sem fim que têm atingido o país ao longo de sua história, a cultura afegã promove a exploração e o sofrimento dos animais através da realização de rinhas.
Todas as sextas-feiras, dia de oração no islã, pouco depois do nascer do sol, lutas sangrentas entre pássaros, galos e cães são promovidas no parque central de Kabul, a capital afegão, e atraem centenas de pessoas.
As rinhas foram proibidas no país de 1996 a 2001, durante o regime talibã, por serem consideradas anti-islâmicas. No entanto, a promoção do sofrimento dos animais atrai a população pelo fator econômico. Em um país cuja renda per capita é inferior a 500 dólares, um galo explorado em rinhas pode custar até 2.000 dólares. A população afegã pode não ter dinheiro suficiente para comer, mas não deixa de apostar nas lutas sangrentas promovidas.
“Eu nasci e cresci em uma guerra. Eu adoro assistir às lutas, é um bom passatempo”, conta Shafiqul Efe, de 26 anos.
As lutas não se limitam a aves, galos e cães. Com a chegada da primavera, é comum em áreas do norte do Afeganistão serem promovidos combates sangrentos entre camelos, ovelhas e até mesmo touros.
Muitas pessoas acreditam que essa “paixão” pelas rinhas deva-se à história de guerras vivenciadas nas últimas décadas. No entanto, uma população que se diz cansada de guerras deveria parar de promover sofrimento, crueldade e morte a seres indefesos, pois, enquanto esta prática persistir, será difícil encontrar a paz que tanto anseiam.
Com informações de European Pressphoto Agency