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A luta da Alemanha contra o lixo plástico

27 de novembro de 2018
4 min. de leitura
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Cachalote encalhado na Indonésia tinha seis quilos de plástico no estômago | Foto: DW / Deutsche Welle

Espalhado pelos oceanos, lixo de materiais oriundos do petróleo é um perigo para seres humanos e animais. Plano de cinco pontos do governo alemão quer abordar problema em escala global. A ministra alemã do Meio Ambiente, Svenja Schulze, disse não conseguir esquecer a imagem do cachalote morto. Na semana passada, Schulze escutou falar de uma baleia encontrada na Indonésia com seis quilos de plástico no estômago: 115 copos, 25 sacolas, dois chinelos e mais de mil outras peças plásticas.

Como a baleia não é um caso isolado, Schulze declarou: “Precisamos de uma virada para lidar com os resíduos de plástico”.

Há muito que a Alemanha vem exigindo isso em conferências e reuniões, e também foi muito bem-sucedida como “estabelecedor de agenda”, afirmou a ministra. Mas os acordos nas reuniões do G7 e do G20 não são mais suficientes para o governo alemão.

A partir de agora, o país europeu também quer ajudar de forma prática a conter o lixo plástico em todo o mundo. Para tal, o Ministério do Meio Ambiente em Berlim destinou 50 milhões de euros para os próximos dez anos.

Berlim também sabe onde o dinheiro deve ser usado. Principalmente na Ásia, encontram-se redemoinhos de material plástico nos oceanos. Grande parte desse lixo (90%) vem de dez rios – oito deles estão no continente asiático.

O rio de maior extensão é também o mais sujo: o Yangtzé corre dos planaltos do Tibete passando por megacidades, como Xangai, no Mar da China Oriental. No caminho, garrafas plásticas, lonas e sacolas acabam caindo dentro d’água – também porque não há coleta nem reciclagem de lixo local.

Nesse contexto, a Alemanha pode ajudar tais países com sua expertise. O Ministério de Schulze quer se voltar para os Estados “mais afetados”, afirmou a ministra.

Países como Índia, China e Bangladesh, onde se localizam os rios mais sujos, poderiam se beneficiar da tecnologia alemã. Eles devem ser apoiados no descarte ambientalmente correto de resíduos plásticos. Mas a Alemanha também quer dar um bom exemplo em seu próprio país.

Plano de cinco pontos

O Ministério do Meio Ambiente alemão apresentou um plano de cinco pontos para reduzir o lixo plástico no país. Schulze quer “sair da sociedade do descarte” e também mostrar ao resto do mundo como viver bem com menos plástico.

Porque, segundo Schulze: “Mesmo que não o desejemos, exportamos nossos padrões de consumo para os países emergentes e em desenvolvimento”. Os pontos incluem medidas para evitar ou reciclar resíduos plásticos:

– A Alemanha apoia a proibição em toda a União Europeia (UE) de produtos plásticos descartáveis (canudos, talheres e pratos plásticos, cotonetes).

– O Ministério do Meio Ambiente quer convencer o comércio a evitar embalagens plásticas desnecessárias (por exemplo, películas envolvendo pepinos e bananas).

– É preciso tornar ainda mais fácil dispensar garrafas d’água plásticas. Nas cidades alemãs, deve haver mais postos de reabastecimento para garrafas próprias.

– Devem ser recompensados os produtores que usem materiais reciclados em seus produtos ou embalagens fáceis de reciclar.

– Produtos de reciclagem também devem ser estimulados por meio de investimentos públicos. O plástico deve ser mantido fora do lixo orgânico.

Além da proibição estabelecida pela UE, o plano de cinco pontos não é vinculativo. Schulze continua apostando no diálogo na questão do lixo plástico. Para a deputada federal do Partido Verde Bettina Hoffmann, o plano é, portanto, uma “amarga decepção”.

Hoffmann disse sentir falta de uma “meta compulsória de prevenção de resíduos”. Em contrapartida, a ministra alemã do Meio Ambiente menciona a experiência alemã com sacos plásticos – através do diálogo, em dois anos, o consumo dessas sacolas foi reduzido em dois terços.

Proibições de sacolas na África e na Ásia

Outros países foram mais rigorosos – especialmente na África. Em Ruanda, a sacola plástica foi banida há dez anos. Com punições draconianas e forte vigilância, o Estado africano conseguiu banir esse invólucro praticamente de toda a vida cotidiana.

O Quênia e a África do Sul seguiram o exemplo da proibição das sacolas. Bangladesh também tentou: ali, embora a proibição do plástico tenha melhorado a situação, ao mesmo tempo criou um mercado negro de sacos feitos a partir do petróleo.

Mesmo que os maiores problemas do lixo plástico se encontrem na África e na Ásia, a ministra alemão do Meio Ambiente afirmou que a Europa pode assumir mais responsabilidade. “Não posso dizer que o problema do lixo marinho não tem nada a ver conosco”, disse Schulze.

Segundo a ministra, seu plano de cinco pontos é importante para a Alemanha, mas as medidas internacionais podem fazer a diferença: “O plástico no estômago do cachalote só pode ser combatido em escala global”.

Fonte: Terra

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