Quem convive com animais em casa todos os dias passa por um momento tenso: a hora de sair para trabalhar e deixar o animal sozinho. É preciso cumprir os compromissos, claro, mas que o coração fica apertado com aqueles olhares maliciosos que só eles sabem dar, ah isso fica. Na hora do retorno, porém, vem a recompensa: uma felicidade que comove qualquer um. Foi pensando em evitar essas situações de separação (ainda que momentânea) que algumas empresas adotaram o modelo pet friendly, o qual possibilita ao funcionário levar seu companheiro de quatro patas para o serviço.
O sistema é mais comum no exterior – a gigante Google é uma das que o seguem –, mas começa a ganhar adeptos no país. Em Campinas (SP), a política é adotada no escritório da Mars Petcare Brasil desde 2012 e aceita gatos e cachorros, levados em dias alternados, respeitando o limite de três de cada espécie e com agendamento prévio. Os animais têm uma área própria, mas acabam andando por toda parte. “O pet stop tem brinquedos, tapetes higiênicos e alimentos. Durante a visita, a rotina do animal segue a de seu tutor. O dia de trabalho é normal e os cães e gatos podem circular acompanhados por toda a empresa”, informa a diretora de Pessoas e Organização, Tatiana Godoi.
Segundo a porta-voz, a ação torna o ambiente mais colaborativo, menos estressante e menos ansioso porque, além de vivenciar a interação homem-animal, os colaboradores se mantêm mais conectados com os colegas. E o retorno é imediato. “Os tutores têm respostas fisiológicas mais saudáveis, inclusive com frequência cardíaca e pressão sanguínea de base mais baixas”, destaca. Um estudo do Centro de Pesquisas Waltham, nos Estados Unidos, principal autoridade científica em nutrição e bem-estar animal do mundo, já comprovou que compartilhar bons e maus momentos da vida com um animal doméstico ajuda as pessoas a se manterem felizes e saudáveis.
Kleber Silva, que trabalha na área de planejamento da empresa de produtos para animais e tem dois cães sem raça definida – Bolly, de 7 anos, e Thor, de 1 –, costuma levá-los ao escritório duas vezes por semestre, preferencialmente às sexta-feiras. “A presença deles não afeta minha rotina. Utilizo o pet stop para brincar com eles e os levo para passear nas pequenas pausas do expediente, como no café da manhã, no almoço ou no café da tarde”, conta.
Na opinião de Silva, levar os cachorros ao local de trabalho requer atenção em relação ao deslocamento na empresa e à higiene do local, mas ele afirma que isso não atrapalha em nada. Pelo contrário. “Me sinto muito feliz em poder trabalhar com meus cães. Para eles, é um passeio diferente; para mim, a oportunidade de um dia mais divertido e prazeroso. Consequentemente, minha produtividade se mantém alta”, diz. Ele afirma que, se fosse empresário, certamente adotaria esse modelo. “Qual é o animal que não gostaria de ficar com seu tutor o dia inteiro?”
Vamos viajar?
Se o número de empresas que permitem aos seus colaboradores levarem os animais ao trabalho ainda é pequeno no Brasil, a quantidade de pousadas e hotéis que aceitam os animais domésticos em suas dependências cresce a cada ano. Tem até navio pet friendly. Uma das mais luxuosas embarcações de cruzeiro do mundo, o Queen Mary 2, que oferece roteiro de sete dias entre Nova York e Southampton (Inglaterra) ou Hamburgo (Alemanha), possui 22 cabines destinadas a cães e gatos, um lounge para os tutores e uma pista especial para os passeios em alto-mar, com direito a hidrante e poste. Cabe aos tripulantes acompanhar os animais 24 horas por dia e cuidar das atividades, da alimentação e dos banhos.
Fonte: Correio Popular