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RECUPERAÇÃO

Lontra gigante está de volta à Argentina: família é reintroduzida após mais de 40 anos de extinção na natureza

2 de julho de 2025
3 min. de leitura
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Foto: Rewilding Argentina

Num feito histórico para a proteção da fauna nativa, a lontra-gigante retorna à Argentina pelas mãos de uma família liberada no Grande Parque Iberá, em Corrientes.

Trata-se da primeira reintrodução desta espécie em perigo de extinção a nível mundial, que havia sido declarada extinta no país desde 1986.

O grupo é composto por quatro exemplares, incluindo duas crias nascidas em semicativeiro em 2024.

A lontra-gigante retorna à Argentina: assim são os exemplares

A mãe, Nima, vem do zoológico de Madrid (Espanha) e o pai, Coco, do de Givskud (Dinamarca). Ambos fizeram parte de um complexo processo de readaptação liderado por Rewilding Argentina em colaboração com instituições nacionais e internacionais.

Com um comprimento de até 1,8 metros e um peso que pode alcançar os 33 quilos, a lontra-gigante (Pteronura brasiliensis) é o maior mamífero aquático do mundo.

Seu papel ecológico é fundamental como predador topo dos ambientes aquáticos, pois ajuda a manter o equilíbrio dos ecossistemas hídricos graças à sua dieta baseada em peixes.

“A lontra-gigante era uma presença comum na bacia do Paraná, mas desapareceu devido à pressão humana. Sua volta é um passo decisivo para restaurar a saúde ecológica do Iberá”, afirmou Sebastián Di Martino, Diretor de Conservação da Rewilding Argentina.

Iberá: um santuário ideal para sua reintrodução

Com mais de 756.000 hectares de áreas úmidas protegidas, o Parque Iberá reúne as condições ideais para a reintrodução: abundância de alimento, ausência de ameaças humanas e uma vasta área livre de alterações.

Este projeto não apenas busca recuperar uma espécie extinta localmente, mas também revitalizar seu ambiente e gerar oportunidades de turismo sustentável em Corrientes.

“O retorno da lontra-gigante também é uma oportunidade para as economias locais”, destacou Gustavo Valdés, governador de Corrientes.

“Mais turistas virão para observá-la, gerando empregos genuínos para as comunidades. Corrientes se consolida como líder na produção de natureza e restauração ecológica”, acrescentou.

Um projeto pioneiro

O programa de reintrodução, iniciado em 2017, incluiu desde a identificação de casais reprodutores até o design de protocolos sanitários, recintos especiais, treinamento em pesca com peixes vivos e a criação de arneses de monitoramento pós-liberação adaptados à espécie.

Todo esse trabalho torna esta iniciativa um modelo pioneiro a nível global.

Além da Rewilding Argentina, participam do esforço a Administração de Parques Nacionais, o Projeto Ariranha do Brasil, a Associação Europeia de Zoológicos e Aquários e zoológicos da Hungria, Espanha, Alemanha, Dinamarca, Suécia, França e Estados Unidos.

“Estamos testemunhando uma restauração real de ecossistemas. Esta espécie volta a desempenhar seu papel ecológico e simbólico no coração do continente”, celebrou Kristine Tompkins, cofundadora da Tompkins Conservation.

Próximos passos: mais liberações em Iberá e no Chaco

A lontra-gigante é considerada em perigo de extinção pela UICN e sua população selvagem permanece fragmentada.

A Rewilding Argentina planeja, nesse contexto, novas liberações nos Esteros del Iberá e no Chaco, com o objetivo de recuperar a conectividade ecológica e consolidar populações estáveis.

“A lontra-gigante não apenas retorna à Argentina, mas abre caminho para uma restauração ecológica mais ambiciosa, com benefícios diretos para o meio ambiente, o turismo de natureza e as comunidades locais”, concluiu Di Martino.

Fonte: Noticias Ambientales

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