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ÁREA PROTEGIDA

Lobos-guarás aparecem todos os dias em santuário religioso em Minas Gerais há quase meio século

Ameaçados por doenças, atropelamentos e perda de habitat, os lobos recebem cuidados de projeto da região e do próprio santuário

4 de agosto de 2024
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Lobo-guará ‘passeia’ pelo Santuário do Caraça — Foto: Divulgação/Eduardo Franco

Todas as noites desde 1982, lobos-guarás visitam o Santuário da Serra do Caraça, um complexo histórico e religioso que fica entre as cidades de Catas Altas e Santa Barbará em Minas Gerais, a 120 quilômetros de Belo Horizonte, e é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).

Isso acontece porque toda noite, às 19h30, uma bandeja com carne e frutas é colocada no pátio da Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens, localizada em uma reserva de Mata Atlântica.

A tradição foi iniciada pelo padre Tobias Zico, que era responsável pelo local na época. Restos de alimentos nas lixeiras viraram atrativos para os animais e o padre deixou que eles se habituassem. Desde então, lobos-guarás visitam diariamente o santuário, que agora é conhecido por esse momento chamado “Hora do Lobo”.

Normalmente, as visitas envolvem uma família específica de lobos-guarás, composta pelo macho Zico, a fêmea Sampaia e dois filhotes, o Vicente e o Francisco. Eles são descendentes do primeiro lobo que apareceu no santuário.

Essa família é parte de um projeto de proteção da espécie, onde os dois adultos são monitorados por meio de colares com GPS, que registram a movimentação da alcateia. “O objetivo é entender a dinâmica e se o que eles fazem pode interferir na vida deles”, explicou Douglas da Silva, coordenador ambiental da reserva do Caraça, em entrevista ao g1.

O projeto enfrenta um grande desafio devido à proximidade de atividades de mineração e monocultura de eucalipto. Segundo o biólogo, os colares mostraram que os lobos-guarás se deslocam do Caraça para o Parque Nacional Serra do Gandarela, evidenciando a necessidade de reforçar a conservação contínua das áreas envolvidas. Manter esse “corredor verde” é crucial para a proteção da fauna e a sobrevivência da espécie.

O coordenador ambiental ressaltou que o maior risco para os lobos-guarás é o atropelamento nas estradas, além de doenças como sarna e cinomose, que podem ser transmitidas por cães contaminados. A sarna é causada por ácaros, enquanto a cinomose é um vírus transmitido pela saliva. A proteção e conservação desses corredores ecológicos são essenciais para garantir a sobrevivência contínua dos lobos-guarás e a integridade do seu habitat natural.

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