Garrafas pet, sacos plásticos, restos de rede de pesca. A grande quantidade de lixo encontrada no mar tem sido uma dor de cabeça a mais para as ONG’s responsáveis pela reabilitação de animais marinhos. No último dia 6, um golfinho-de-dentes-rugosos morreu abaixo do peso e sem forças até mesmo para nadar. Ele foi encontrado na praia da Areia Preta, em Iriri, litoral de Anchieta, no Sul do Estado. Após exames, foi descoberto um saco plástico no esôfago do animal que impedia a ingestão de alimentos.
Para o presidente do Instituto Orca, Lupércio Barbosa, a preocupação está focada apenas na poluição por resíduos líquidos. “Se fala muito na poluição do mar por líquidos, como esgoto e produtos tóxicos. Mas o lixo sólido também é perigoso. Não é difícil encontrar aves e animais marinhos mortos depois de ingerir pedaços de plástico ou outros materiais jogados na água”, explicou.
O próprio Instituto Orca já abrigou golfinhos e tartarugas que ingeriram algum tipo de material boiando na água. Na maioria das vezes, os animais comeram pedaços de plástico como se fossem algas marinhas e o material ficou alojado no organismo. De acordo com Lupércio Barbosa, até garrafas descartáveis foram encontradas dentro do aparelho digestivo dos animais.
“É tanta coisa que encontramos dentro desses animais. Sacolas plásticas inteiras, pedaços de nylon das redes de pesca, as garrafas. Algumas vezes nós conseguimos realizar uma cirurgia e salvar. Mas tem situações em que só sabemos que havia lixo no organismo deles depois que eles já morreram”, lamenta.
Além dos restos jogados no mar que são ingeridos como se fossem alimentos, outro risco à vida marinha são os objetos cortantes como as latas de conservantes, as placas de metal e cacos de vidro.
“É um perigo não só para os animais marinhos, mas também para os seres humanos. Uma garrafa, por exemplo, vai demorar muitas gerações até ser totalmente degradada. Isso sem falar nos objetos inimagináveis que são jogados no mar, como geladeiras, sofás e até automóveis velhos”, afirmou.
Último caso no ES
Foi encontrado na manhã do dia 5 de julho um golfinho-de-dentes-rugosos, na Praia da Areia Preta em Iriri. Bob – o nome foi dado pelo Instituto Orca – estava visivelmente abaixo do peso e não conseguia flutuar na água. Ele foi levado para uma área de reabilitação em Guarapari, onde ficou em observação por cerca de 24 horas, mas não resistiu. O golfinho morreu no dia 6 de julho.
Uma necrópsia realizada no corpo do golfinho apontou a presenta de um pedaço de plástico no esôfago do animal, que estava obstruindo a passagem de comida. O golfinho-de-dentes-rugosos é um animal muito comum no litoral Sul do Estado, segundo o coordenador do Instituto Orca, Lupércio Barbosa.
Fonte: Gazeta Online