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Lixo está na dieta do tubarão-azul, revela pesquisa

9 de março de 2010
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Em duas oportunidades – entre 1992 e 1999, no litoral do Nordeste, e de março de 2007 ao mesmo período de 2008, no Sul –, o oceanógrafo Teodoro Vaske Júnior acompanhou navios de pesca ao longo da costa brasileira. Como descobriu que os pescadores descartavam o estômago do tubarão-azul (Prionace glauca), resolveu centrar foco sobre o tipo de alimentação dessa espécie. No total, foram examinados estômagos de 222 tubarões-azuis – 116 (na costa nordestina) e 106 (porção Sul).

O resultado, além de aumentar o conhecimento sobre o tubarão-azul (espécie catalogada como “quase ameaçada” de extinção na lista vermelha da União Internacional pela Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais), trouxe também informações sobre uma rica fauna marinha que habita águas profundas (é capaz de descer 600 metros) e que é muito difícil de ser coletada (em função dos altos custos da operação).

Vaske Júnior, que atualmente é pesquisador da Universidade Estadual Paulista (Unesp) no Campus Experimental do Litoral Paulista, em São Vicente (SP), descobriu, entre outras coisas, que este tubarão come até aves. “A descoberta de aves na dieta foi uma surpresa. Não esperávamos encontrar pombas, por exemplo, em tubarões pescados a 120 milhas da costa”, contou. Ele chegou a retirar uma pomba que havia sido recém-engolida em alto-mar. Ela deve ter se perdido e, ao cair na água, foi engolida. Entre as presas mais encontradas na porção Sul estavam baleias Mysticeti.

Ao todo, o estudo de Vaske Júnior registrou 51 diferentes espécies de animais retirados do interior dos tubarões sendo: 20 de peixes, 24 de cefalópodes, dois crustáceos e cinco espécies de outros grupos. “Os crustáceos foram poucos porque eles são de tamanho reduzido, o que não é vantajoso energeticamente para os tubarões-azuis”, explicou.

Mas não foi só isso. O lixo também faz parte da dieta. Foram catalogados como “material antropogênico”, que não deveriam ter sido engolidos pelos tubarões, itens como laranja, maçã, abacaxi, alho, cebola, batata, ossos de galinha e materiais perigosos ao peixe, como sacolas plásticas, papelão, madeira, fios, linhas de pesca e até canetas. Em 5% dos estômagos abertos havia pelo menos um anzol de pesca.

De acordo com a Sea Education Association (SEA), dos Estados Unidos, o lixo jogado nos oceanos é um grande problema no planeta. Em redes de coleta acopladas a barcos, os pesquisadores norte-americanos encontraram regiões com até 200 mil pedaços de detritos por quilômetro quadrado. O plástico, particularmente, tem sido um grande problema, prejudicando sobremaneira animais e aves marinhas.

Fonte: EPTV

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