O litoral do Espírito Santo é o escolhido das baleias jubarte para criar seus filhotes. Ao todo, são esperadas 10 mil baleias da espécie de julho a outubro deste ano, número 20% maior do que em 2010, quando cerca de 8.500 baleias estiveram no litoral capixaba. Os cálculos apontam para o crescimento da população tanto no hemisfério sul quanto no norte, o que demonstra o resultado positivo da proibição da caça às baleias efetivada há 25 anos.
A informação do Instituto Orca, responsável pelo resgate voluntário das baleias encalhadas no Estado, é de que a primeira hipótese para o crescimento do número de jubartes no litoral é o aumento da população da espécie. Segundo o diretor executivo do instituto, Lupércio Araújo, a proibição à caça de baleias fez bem àquelas que visitam o litoral brasileiro.
“É notório o crescimento da população e, mais ainda, no litoral capixaba, mais precisamente na região do Banco de Abrolhos, que abrange parte do norte do Estado até o sul da Bahia, o lugar que a jubarte escolheu para se reproduzir e criar seus filhotes. Mas, infelizmente, é essa região também a preferida das indústrias de petróleo e pesca”, informou ele.
A morte da primeira delas na semana passada, na praia de Nova Almeida, em Serra (28 km de Vitória), despertou a atenção dos especialistas e ambientalistas do Estado para o início de mais uma temporada da espécie no litoral capixaba.
Somente em 2010, entre junho e outubro, foram registradas 42 mortes de baleias jubarte, em grande parte jovens, no litoral capixaba. As causas da morte podem ser muitas, mas defini-las, diz Araújo, depende de uma estrutura que ainda não existe no Espírito Santo.
Levando em conta que o fenômeno também ocorreu na costa da Austrália e da África, na mesma ocasião, o motivo das mortes se torna ainda mais misterioso. Entre as hipóteses está o próprio aumento da população e a adaptação da espécie à industrialização e ao aquecimento global.
“Das mortes ocorridas no ano passado foram isolados os casos em que pudemos constatar resquícios de redes de pesca, sinais de trombadas ou outro sintoma que indique a influência da atividade humana nas mortes”, disse Araújo.
Com a abundância da espécie no litoral capixaba e, consequentemente, o alto índice de encalhes –Espírito Santo ficou em primeiro lugar no país na lista de encalhes de jubarte–, o especialista ressalta que as baleias normalmente procuram a costa quando já estão machucadas, desorientadas ou com alguma doença. Muitas vezes elas já chegam à praia em avançado estado de decomposição.
Em outra região escolhida pelas baleias jubarte, como é o caso da Ilha de Trindade, distante 1.200 quilômetros a leste da costa capixaba, uma expedição realizada em 2010 catalogou e analisou o comportamento das espécies na região. Entre as conclusões sobre a busca das espécies pelo litoral capixaba é de que as mães jubarte procuram um ambiente mais quente do que as águas subantárticas, especialmente regiões com recifes de coral, para criar com segurança os seus filhotes.
O objetivo do estudo, que contou com o apoio do Instituto Baleia Jubarte, é o de catalogar as espécies e assim acompanhar o comportamento da espécie que catalogá-las de estudar o comportamento das espécies. Até o ano de 2010 só o Instituto Baleia Jubarte possuía 3.000 baleias desta espécie devidamente identificadas.
A primeira baleia Jubarte que morreu encalhada este ano no Espírito Santo ficou presa nas pedras na praia de Nova Almeida, na Serra, no último dia 19 por volta das 17h, e morreu por volta das 5h. Segundo Lupércio Araújo, a espécie pode ser considerada uma sub-adulta e possuía 11 metros de comprimento.
Fonte: 24h News