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Liminar proíbe desfile de jegues na Lavagem do Bonfim, na BA

11 de janeiro de 2012
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Caracterizado de Charlie Chaplin, Ubiratan Tavares, 70, estará amanhã na tradicional festa do Senhor do Bonfim, protestando. “Eu quero meu jegue, cadê o meu jegue?!”, ouvirá quem caminhar próximo a ele, que reivindica o direito de desfilar com o animal que desde 1986 o acompanha no cortejo e que o tornou conhecido como Bira do Jegue.
Ana Rita Tavares, presidente da Federação Baiana de Entidades Ambientalistas Defensoras dos Animais (Febadan) também protestará. “Nossa luta é pelo direito à vida, pelo respeito aos animais, que ao longo de mais de 220 anos de festa foram maltratados”, explica.
O motivo pelo qual Bira do Jegue não poderá comemorar o seu aniversário de 71 anos na festa com seu amigo, o jegue, é uma renovação da liminar que proíbe “a participação de carroças conduzidas ou puxadas por animais, em destaque os equinos”, sob pena de multa de R$ 90 mil em caso de descumprimento.
A decisão foi expedida ontem pela 6ª Vara da Fazenda Pública, assinada pelo juiz Ruy Eduardo Almeida Brito. O atual documento, emitido também no ano passado com similar teor, designa para cumprimento da decisão o Comando Geral da Polícia Militar, que contará com mais de 2 mil policiais no festejo.
Por mais estranho que pareça, o futuro do jegue em festas populares será decidido na segunda-feira, quatro dias após o Bonfim, quando será julgada no Juizado Especial Criminal de Nazaré a ação criminal movida pelo Ministério Público e ONGs de defesa dos animais.
Argumentos
Para Bira, barrar o jegue é quebrar uma tradição. “O jegue, que levava a água para lavar a escadaria, é um símbolo do Nordeste, do trabalho, da seca. Jesus fugiu em um jegue”, diz.
Já a advogada e diretora da ONG Bicho Feliz, Gislane Brandão, diz que “a tradição não pode estar acima da lei e a cultura não é estática. Hoje, nossa cultura não aceita maus-tratos”. Para os representantes das nove ONGs que fiscalizarão a ordem no Bonfim, a exposição a sons elevados, a possibilidade dos equinos se assustarem com os fogos e com a multidão, e o trajeto de 8 km sob o sol escaldante são as principais agressões contra os jegues.
Fonte: Correio

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