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Líderes umbandistas dizem que ritual com galo foi ato criminoso

31 de outubro de 2011
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Galo está sendo cuidado por uma voluntária. Foto: Colaboração

O galo encontrado com as patas e asas quebradas, em um despacho, no sábado ( 21/10)  está se recuperando. Segundo a voluntária que cuida do animal, apesar de ele ainda não estar se movimentando normalmente, está se alimentando de forma regular, sendo sua comida preferida tomatinhos. No dia em que foi encontrado no cruzamento das ruas Casimiro de Abreu e Dr. Augusto Duprat, no bairro Cohab I, o galo foi retirado do local e levado a um veterinário, que o medicou.

Segundo pai Nilo de Xangô, presidente da Associação Rio-grandina de Cultos Umbandistas e Afro-brasileiros, existem milhões de trabalhos, mas, em nenhum deles, se faz “o que fizeram com este animal”. “Isto vem de alguém que quer desmoralizar a nossa religião ou de alguém que se diz pai ou mãe de santo”, opinou.

Pai Nilo diz não acreditar que pessoas responsáveis irão doutrinar e ensinar a fazer este tipo de coisa. “Este ato desumano não existe em nossa religião”. Salienta, inclusive, que a entidade que representa sempre orientou que os centros espíritas, ao fazerem sua oferenda, o fizessem em lugares adequados, como um mato, embaixo de uma árvore, em um local na praia onde não há banhistas. “Sempre recomendamos que não façam na cidade. E nossa intenção não é chocar ou expor alguém ao perigo”.

Para ele, trabalhos como este, que fez um animal sofrer, é obra de pessoas despreparadas, mal-orientadas. “Hoje, infelizmente, uma pessoa bota água na cabeça e acha que já é pai de santo. E fazem isto por dinheiro. Muitas pessoas entram na umbanda para enriquecer. Esquecem que tudo tem um fundamento. E quem cometeu esse ato é leigo, é alguém que está entrando na religião e está com pressa de ganhar dinheiro, porque acha que a umbanda é isto. E denigrem, assim, nossa religião. Esquecem que ser pai ou mãe de santo requer muita responsabilidade e compromisso”, salienta Pai Nilo.

Explica que há, sim, o sacrifício de animais, mas nunca sem um propósito e nunca de forma a fazer o animal sofrer. “Nós não queremos sofrimento em nossas vidas, então, por que fazer um animal sofrer? Não tem lógica. Nós sacrificamos animais em nossas festas, mas sempre para nos servir de alimento”. Pai Nilo frisa que respeita todas as religiões e quer que sua seja respeitada. “É bem sabido que, em todas as religiões, existem aqueles que não prestam”.

O babalorixa Jorginho do Xangô, presidente da Comissão Regional da Metade Sul em Defesa da Religião Afro Brasileira (Coremsdrab), repugna o ato. “Um provável religioso despreparado, sem ética e sem fundamento, não obedecendo aos ritos da religião, fez um verdadeiro ato de aberração e maldade, denegrindo a religião e desrespeitando os babalorixas e yalorixas, que tratam a religião com seriedade, obediência e respeito aos preceitos do fundamento das mesmas”.

Enfatiza que dizer que não usam aves nos rituais é negar o passado, a tradição da religião. “Mas o sacrifício é feito em nossos pejis, onde se dá o apanajé (matar para comer), e não em via pública , onde agride a mãe natureza, o público em geral e demonstra maus-tratos com os animais”. Como representante da Coremsdrab, ressalta que irão procurar saber quem é o autor da crueldade e que serão tomadas providências. “Rogamos a Olorum (pai da criação) para que ilumine a cabeça do autor deste ato para que reflita e não cometa mais atos de tamanha crueldade. E reafirmo que atos como estes no nosso meio religioso não são permitidos e nem tolerados. Isto não é sacralização e, sim, um ato criminoso”.

Fonte: Jornal Agora

Nota da Redação: Tudo evolui, o mundo vive em constante transformação. As tradições existem para serem quebradas também. Inclusive nas religiões. O candomblé está entrando num outro estágio com  pessoas como a yalorixá Iya Senzaruban, nascida numa família de cultura tradicional do candomblé, ela é filha de um ekede e de um ogã. Foi iniciada nesta senda espiritual aos 7 anos e aos 14 anos tornou-se mãe-de-santo. Vegetariana, acabou descobrindo uma forma para substituir, em sua alimentação e nos rituais, os animais e ingredientes de origem animal.

 

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