Uma lagosta de 110 anos, chamada Lorenzo, foi libertada pelo restaurante Peter’s Clam Bar, em Long Island, Nova York (EUA), no último domingo (15/06). Com 9,5 quilos, o crustáceo havia passado anos esquecido em um tanque do estabelecimento, após ter “escapado” de um lote destinado ao consumo. O proprietário, Butch Yamali, afirmou que não teve coragem de vendê-la ou cozinhá-la, decidindo, em vez disso, devolvê-la ao oceano em uma cerimônia simbólica batizada de “perdão”.
Apesar do gesto ser vendido como um ato de compaixão, a verdade é que Lorenzo nunca deveria ter sido capturada. Lagostas têm sistemas nervosos complexos que lhes permitem sentir dor, estresse e medo. Sua vida inteira, que poderia ter sido vivida em liberdade no oceano, foi reduzida a uma existência confinada em um tanque, enquanto clientes do restaurante escolhiam outros animais para serem fervidos vivos.
Agora, após anos em cativeiro, sua soltura levanta outra questão cruel: Lorenzo ainda terá condições de sobreviver? Animais mantidos por tanto tempo em ambientes controlados perdem seus instintos naturais, como buscar alimento, escapar de predadores e se adaptar às correntes marinhas. Sem um processo cuidadoso de readaptação, ela pode morrer de fome, tornar-se presa fácil ou sofrer com as mudanças no ecossistema.
O restaurante brincou em suas redes sociais, dizendo que Lorenzo agora está “vivendo sua melhor vida”, mas a realidade é bem diferente. Soltar um animal após anos de exploração não apaga o sofrimento que ele passou — só mostra o quanto sua vida foi tratada como um espetáculo, até mesmo na “hora da liberdade”.
Se realmente quisessem fazer justiça, deveriam questionar por que lagostas ainda são aprisionadas, vendidas e mortas para consumo. Lorenzo não precisava de uma cerimônia de perdão — precisava de direito à vida, desde o início.