Um urso negro surpreendeu funcionários do Zoológico Sequoia Park, na Califórnia (EUA), ao aparecer calmamente no local antes da abertura. O caso é uma representação de que esses animais deveriam estar juntos na natureza, e não separados por cercas em espaços de exibição humana.
O urso foi flagrado durante uma inspeção de rotina no Redwood Sky Walk, uma trilha suspensa que atravessa as sequoias da região. Segundo o zoológico, ele foi visto encostado em um portão, observando outros ursos negros que vivem aprisionados, o Tule, o Ishŭng e o Kunabulilh. “O urso selvagem não parecia agressivo e foi observado interagindo através da cerca”, informou a equipe do parque.
Enquanto a administração do zoológico descreveu a cena com tom lúdico nas redes sociais, destacando que o urso foi “muito educado” e “não parecia agressivo”, a imagem real é profundamente angustiante. Um indivíduo livre, dono de seu próprio destino, separado de outros de sua espécie por uma cerca, condenados a uma existência de confinamento e exibição. O urso selvagem, que “explorou brevemente os itens de enriquecimento” antes de retornar à sua floresta, teve um gosto da prisão simulada que é a realidade permanente dos residentes do zoológico.
A interação através da cerca foi um encontro entre dois mundos radicalmente opostos, a liberdade e o cativeiro. O urso silvestre possuía toda a vastidão da área arborizada de Eureka para percorrer, enquanto Tule, Ishŭng e Kunabulilh estão restritos a um espaço delimitado, seu mundo reduzido a um recinto onde seus comportamentos naturais são substituídos por “itens de enriquecimento” para evitar o tédio e a depressão.
O fato de as autoridades terem isolado a área para “não assustar” o urso e escoltá-lo de volta em segurança apenas evidencia que estes animais não pertencem a esses espaços. Eles pertencem à natureza, juntos. A cerca que os separou é uma representação da barreira muito maior imposta pela existência dos zoológicos, que privam animais de suas vidas naturais sob a justificativa de educação e proteção, enquanto os transformam em atrações.
Estes quatro ursos deveriam estar compartilhando as florestas, interagindo sem grades, vivendo as vidas complexas para as quais evoluíram. Em vez disso, um é tratado como um intruso a ser contido, e os outros, como prisioneiros permanentes a ser observados.