Embora o Reino Unido tenha recentemente fechado sua última usina de energia a carvão, os efeitos cumulativos da queima de hidrocarbonetos poluentes por centenas de anos não desaparecerão da noite para o dia.
Uma enorme quantidade de gases de efeito estufa está presente na atmosfera, aprisionando a radiação solar e aquecendo a Terra de forma semelhante ao isolamento térmico de uma casa.
Para evitar que as temperaturas aumentem ainda mais, uma equipe de pesquisa liderada por Sandro Vattioni, do ETH Zurique, propôs que poderíamos impedir parte do calor do sol de atingir nosso planeta refletindo sua luz para longe.
A única ressalva é que seria necessário liberar 5,5 milhões de toneladas de pó de diamante na atmosfera — todos os anos.
Deixando de lado a logística, um estudo de 2020 do professor Wake Smith, do Yale College, concluiu que isso custaria a impressionante soma de 175 trilhões de dólares.
Segundo o Banco Mundial (via Data Commons), o PIB de todo o planeta em 2023 foi de 105 trilhões de dólares.
Em entrevista ao ETH News, Vattioni explica que aerossóis — pequenas partículas encontradas na atmosfera — “…têm um efeito de resfriamento no clima, pois refletem a radiação solar”.
Isso já ocorre naturalmente hoje e no passado. Embora os efeitos iniciais do impacto do meteoro que extinguiu os dinossauros há 66 milhões de anos tenham sido devastadores, foi o enorme volume de material ejetado na atmosfera que causou um efeito de resfriamento e deu o golpe final.
Hoje em dia, como Vattioni aponta, geralmente vemos aerossóis atmosféricos após erupções vulcânicas, que lançam dióxido de enxofre na atmosfera. Essas partículas se transformam em aerossóis de ácido sulfúrico, mas, como o próprio nome sugere, o ácido sulfúrico não é particularmente bom para o meio ambiente e, segundo Vattioni, pode “causar chuva ácida”.
Buscando um aerossol sem esses efeitos negativos, a equipe chegou ao pó de diamante, utilizando simulações de computador.
No entanto, Vattioni ressalta que “a produção de pó de diamante sintético é muito cara e consome muita energia”, mas o estudo mostrou que “partículas de calcita apresentam desempenho quase tão bom quanto o pó de diamante” e são muito mais fáceis e baratas de produzir.
Ainda assim, não é isento de riscos. Vattioni enfatiza que “ainda há uma incerteza significativa” sobre se liberar tais quantidades de aerossóis seria prejudicial ao planeta.
Por fim, Vattioni acredita que “a geoengenharia solar não resolverá o problema das mudanças climáticas”, mas pode “mitigar temporariamente alguns de [seus] efeitos negativos”.
Com as emissões improváveis de diminuírem tão cedo, Vattioni afirma que “precisamos de pesquisas para explorar os benefícios e, mais importante, os potenciais riscos dessa tecnologia”.
Fonte: Discover Wildlife