Os leopardos, um dos grandes felinos mais adaptáveis do planeta, estão desaparecendo da Terra silenciosamente. Apesar de habitarem desde florestas tropicais até desertos, sua população sofre com caça, tráfico de partes de seus corpos e destruição de habitat. Enquanto governos concentram esforços em outros felinos, a espécie é negligenciada.
Listados no Apêndice I da Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES), os leopardos são, ainda assim, a segunda espécie de felinos mais traficada, atrás apenas dos leões. Entre 2000 e 2024, mais de 8.300 licenças comerciais foram emitidas globalmente — a maioria para troféus de caça, peles e crânios.
No entanto, o tráfico é muito maior: dados da ONG Environmental Investigation Agency (EIA) indicam que pelo menos 6.400 leopardos foram apreendidos nas últimas duas décadas.
Na China, ossos e garras de leopardo são usados na medicina tradicional e como símbolo de status. Na África, peles são vendidas em mercados ilegais. E na Índia, onde vivem 14 mil leopardos, o país lidera em apreensões: 2.527 casos nos últimos cinco anos.
Das oito subespécies de leopardos, três estão criticamente ameaçadas e duas, ameaçadas na Lista Vermelha da IUCN. O leopardo-de-java, por exemplo, teve 51 indivíduos resgatados na Indonésia em apenas oito anos. Na África, leopardos já perderam dois terços de seu território histórico, e na Ásia, 84%.
“É uma extinção silenciosa”, alerta Ofir Drori, da EAGLE Network. “Eles não aparecem nas manchetes, mas estão sumindo.”
Apesar dos alertas, a CITES reconhece que faltam dados específicos sobre o tráfico. Enquanto isso, a demanda persiste, e os esforços de proteção são insuficientes.