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Leões recém-nascidos são mortos por caçadores e usados para a produção de remédios e joias

28 de novembro de 2017
5 min. de leitura
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Eles são explorados como brinquedos para turistas até crescerem para serem alvos de caçadores de “troféus” em uma prática conhecida como caça enlatada. Os cadáveres são enviados para o Extremo Oriente para atender a enorme demanda por “remédios”, joias e até mesmo vinhos produzidos a com os corpos dos animais.

Foto: Daily Mail

Este foi o destino trágico de 800 leões da África do Sul apenas neste ano. A demanda insaciável da China alimenta o comércio de ossos de leões, enquanto produtos derivados desse comércio também estão à venda em outros países do Sudeste Asiático, incluindo a Tailândia, o Laos, o Camboja e o Vietnã.

Existem cerca de oito mil leões criados em cativeiro que terão esse destino em 200 fazendas na África do Sul: o dobro do número de leões livres na natureza do país.

Embora grupos internacionais de proteção animal lutem contra esta indústria, a cota foi autorizada pela  Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Extinção, possui 169 países membros.

A decisão é vista como uma tentativa de acalmar muitos dos países que pressionavam pela legalização do comércio dos restos de leões selvagens, assim como de animais criados em cativeiro. Os consumidores do Extremo Oriente acreditam que os ossos são de tigres e, portanto, em suas mentes, possuem propriedades medicinais quase mágicas e são considerados afrodisíacos. As leis que protegem os tigres causaram o aumento do uso de ossos de leões por comerciantes insensíveis.

Uma investigação do Daily Mail revela detalhes da rede de abusos cometidos contra leões criados em cativeiro, desde os primeiros dias de seu nascimento até a idade adulta, aos quatro anos, quando são mortos por “troféus” e para o lucrativo comércio de seus esqueletos.

Foto: Toby Selander

Os caçadores pagam uma média de £ 12.800 para atirar no animal em um pequeno recinto, depois levam o crânio e a pele da vítima. O fazendeiro pode lucrar ainda mais ao vender o cadáver por cerca de £ 1440 para países asiáticos. Quando dividido em remessas menores, cada cadáver pode atingir £ 50 mil.

A reportagem visitou quatro parques de leões e conversou com ativistas que documentaram como os leões são processados pela indústria criticada por amantes de animais. No parque Ukutula, a duas horas de carro de Joanesburgo, os filhotes eram amontoados nas mães.

Alguns dias depois, eles eram levados e alimentados por voluntários, principalmente por jovens que acreditam estar envolvidos no resgate dos leões.

Com cerca de um mês, os filhotes são forçados a interagir e tirar fotos com turistas durante várias horas por dia. Mais tarde, quando os jovens se tornam adolescentes, eles são forçados a participar de caminhadas com dezenas de turistas que andam ao lado dos animais com varas – para mostrar dominação.

O guia explica que, se os leões matarem animais selvagens no parque, eles não podem comer. “Eles devem permanecer em cativeiro e irão morrer em cativeiro”, diz.

A história se repetiu em outros três parques de leões: no Krugersdorp Rhino, no Lion Park e no the Lory Park. Com cerca de três ou quatro anos, quando os machos crescem, tornam-se alvos dos caçadores de “troféus”. Os parques onde nasceram frequentemente os vendem para caças enlatadas, apesar da indignação internacional após a divulgação de imagens de leões drogados sendo colocados em pequenos recintos e sem qualquer forma de escapar dos caçadores.

Foto: Toby Selander

As tentativas de proibir a prática doentia falharam e os leões ainda são libertados no dia em que são transportados para um recinto de caça, enquanto sentem os efeitos da sedação. Às vezes, os animais – que se adaptaram às vozes e aos assobios humanos – são atraídos pelos caçadores, que depois os baleiam de seus veículos.

Derek Gobbett era um célebre fotógrafo de safáris que foi contratado para filmar caçadores matando leões, mas agora é um fervoroso ativista. Ele viu caçadores atirando em uma leoa que entrou em pânico e se escondeu em uma toca de porco-espinho.

“Filmei imagens que nenhum caçador mostraria para se vangloriar. Foi um massacre, com 10 caçadores matando 10 leoas em uma semana e querendo imagens de cada tiro para levar para casa com eles”, diz.

Ian Michler, guia de animais selvagens e jornalista responsável pelo documentário “Blood Lion”, expôs a indústria da caça enlatada da África do Sul e está fazendo uma campanha para impedir o comércio dos corpos de leões.

De acordo com dados da CITES, dois mil esqueletos de leões foram enviados da África do Sul para o Laos durante seis anos até 2015 e houve mais 2300 remessas de esqueletos incompletos, o que significa ossos e outras partes dos animais.

 Mas os ativistas  acreditam que isso é apenas a ponta do iceberg. Toneladas de partes de animais são enviadas sem documentação pela fronteira entre a China e o Laos. Um piloto da região afirma ter testemunhado enormes carregamentos de esqueletos de leões não registrados em suportes de carga. Eles são marcados como “suprimentos científicos” e enviados para a China. A extensão do terrível tratamento que a África do Sul impõe a uma das mais nobres criaturas selvagens foi revelada pela Agência de Investigação Ambiental da Grã-Bretanha.

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