Leões-marinhos com comportamento estranho, encalhados em praias ou vagando próximos a rodovias movimentadas. Essa tem sido a cena recorrente na costa da Califórnia, onde equipes de resgate, como a do SeaWorld San Diego, estão enfrentando um dos piores surtos já registrados de envenenamento por domoic acid, uma toxina produzida por algas marinhas que afeta o sistema nervoso de animais marinhos.
Só neste ano, o SeaWorld já resgatou 47 leões-marinhos e 30 aves com suspeita de intoxicação por essa substância – um salto significativo em relação aos 11 resgatados em 2024. O surto se espalhou por toda a costa californiana e está afetando também golfinhos e aves. De acordo com a equipe de resgate, a chance de sobrevivência de um leão-marinho contaminado é de 50%, se tratado a tempo. Para golfinhos, os casos geralmente são fatais.
“Somos como operadores de emergência. Recebemos os chamados, somos a ambulância e, depois, os enfermeiros cuidando dos animais”, diz Jeni Smith, chefe da unidade de resgate do SeaWorld. Segundo ela, a equipe tem recebido cerca de 100 ligações por dia de moradores que avistam animais em perigo.
Os casos exigem ação rápida. Em um único dia, a equipe resgatou leões-marinhos em cinco pontos diferentes de San Diego, incluindo um macho adulto debilitado em uma praia movimentada. Em outro local, encontraram um filhote cercado por curiosos, imóvel e cercado de moscas. A toxina pode causar convulsões, falência cardíaca e morte. Ainda assim, muitos animais não apresentam sintomas claros, o que dificulta o diagnóstico imediato.
O aumento dos surtos está ligado a uma combinação de fatores, incluindo o aquecimento dos oceanos provocado pelas mudanças climáticas. Especialistas também investigam se detritos das queimadas em Los Angeles, ocorridas em janeiro, podem ter contribuído para a floração intensa de algas deste ano. A expectativa é de que o fenômeno se prolongue por mais semanas – ou até meses.
Apesar do cansaço, a equipe segue firme na missão de salvar o maior número possível de animais. “É exaustivo, mas dá um propósito ao nosso dia. A meta é fazer um bom trabalho e ajudar os animais a voltarem ao oceano”, afirma Kevin Robinson, funcionário do SeaWorld há 48 anos. Até agora, 10 leões-marinhos resgatados com suspeita de domoic acid já conseguiram se recuperar e foram devolvidos à natureza.
Fonte: Um Só Planeta