(da Redação)
Protestos por parte de produtores de alimentos são acontecimentos comuns em diversas partes do mundo. Mas um fato lamentável aconteceu recentemente, quando pecuaristas realizaram um protesto recentemente, na Itália, utilizando animais.
A queixa dos pecuaristas italianos em questão é que seu “mercado” está sendo arruinado pelo fato de presuntos e salames serem vendidos como se fossem “fabricados” na Itália, mas são, na verdade, em grande parte produzidos em outros países. As informações são do The Guardian e do One Green Planet.
Para realizar o protesto, os pecuaristas fizeram desfilar pequenos porcos e leitões em frente ao Parlamento, em Roma.
Os manifestantes apelavam aos transeuntes que adotassem um dos porcos, que estavam deitados em chiqueiros cheios de palha rodeados por uma multidão de agropecuaristas que protestavam vestidos com o amarelo vibrante do maior grupo do segmento na Itália, o Coldiretti.
Os fazendeiros da zona rural dos arredores de Roma protestaram e disseram que não há mais condições de trabalhar em suas terras.
Não se tem notícias do que ocorreu posteriormente com os animais explorados durante o protesto.
“Mascotes” de sua própria exploração
Nem seria necessário comentar que a falha ética, com este exemplo, mais uma vez se percebe em mais de uma instância, no que diz respeito à criação de animais para consumo humano. Se é errado, desnecessário e cruel criar animais para serem mortos para servir de alimento, mais errado ainda – e uma nova forma de subjugá-los – é usá-los como “mascotes” em protestos desse tipo.
Animais não são mercadorias ou objetos e eles não têm nada a ver com a suposta situação de miséria de quem os explora, ou com as fúteis e desprezíveis mesquinharias humanas. Eles apenas querem viver.
Mas o fato de se ver animais explorados em um uma manifestação desse tipo – assim como quando se tem notícia daqueles que são mortos em acidentes a caminho do matadouro, por exemplo – apenas remete à lembrança de que eles passam por coisas bem piores que isso todos os dias, aos milhões, e tudo entra em compasso com uma aceitação e consentimento coletivos, pois as pessoas não querem abrir mão de comer carne. Assim, uma aberração vai se somando à outra e todas vão se neutralizando na consciência adormecida da humanidade – ou na falta dela.
A inocência humana não é mais uma justificativa válida pois o conhecimento por parte dos humanos do que passam os animais que são mortos para consumo já é amplo mas, ainda assim, um fato como esse que deveria chocar e trazer mais adeptos ao veganismo, ou talvez desencadear outros protestos – como um que fosse levantado por ativistas que levassem os animais consigo.