No cardápio, sai a lactose e entram os nutrientes dos cereais, das leguminosas e das frutas secas. Seja puro na jarra ou em receitas, vale a pena conhecer.
Consta no dicionário a seguinte definição de leite: “Líquido branco, opaco, segregado pelas glândulas mamárias das fêmeas dos animais mamíferos; suco branco de alguns vegetais”. Esqueça a ideia de uma substância aguada e meio verde que provavelmente ronda sua cabeça neste momento. Os chamados leites vegetais são uma ótima opção para incrementar pratos ou a própria saúde.
Seja por uma questão ética de respeito aos animais (no caso, as vacas), por interesse nutricional, por algum tipo de intolerância à lactose ou de alergia, pela prática de dietas diferenciadas – a exemplo da “kosher” (que não permite misturar carnes com laticínios na mesma receita) ou vegana (que exclui o consumo de produtos de origem animal) -, várias pessoas procuram nos leites vegetais um substituto ou complemento para o leite de gado.
“A princípio, leites vegetais podem ser produzidos a partir de qualquer cereal, leguminosa ou oleaginosa. O processo é basicamente o mesmo: deixar de molhou – ou cozinhar, no caso das leguminosas -, bater e coar”, explica o nutricionista especializado em alimentação vegana e diretor da NutriVeg Consultoria em Nutrição Vegetariana, George Guimarães (CRN-37708).
Assim, na lista citada pelo profissional estão cereais como trigo, aveia, centeio e arroz. Já as leguminosas são grãos produzidos em vagens: feijões, lentilha, grão-de-bico, soja, ervilha, fava e amendoim. Por fim, as oleaginosas incluem sementes como gergelim e frutas como coco, castanhade caju, do Pará, noz e amêndoa, entre outras.
Segundo Guimarães, embora ricos em nutrientes, é importante frisar que os leites vegetais não devem ser utilizados em substituição ao leite materno. Nesse caso, o ideal é consultar um médico e oferecer à criança uma fórmula específica e, na opinião do especialista, industrial.
Outra fã de alguns leites vegetais é a culinarista Patrícia Feldman (pat.feldman.com.br), criadora do projeto Crianças na Cozinha, que visa difundir receitas infantis saudáveis, saborosas e livre de industrializados. É também co-autora do livro A Dor de Cabeça Morre Pela Boca, escrito em parceria com seu marido, o médico Alexandre Feldman.
No website da culinarista é possível encontrar dicas interessantes sobre como utilizar alguns leites vegetais na cozinha, especialmente o de amêndoas, nozes ou castanhas, além de receitas.
Segundo George Guimarães,os leites vegetais podem ser usados em qualquer prato que exija leite de origem animal. “Obviamente eles deixam um sabor residual que pode agradar ou não”, destaca. Ficou curioso? Então confira as receitas selecionadas pelo C&B e mergulhe em novos sabores.
Diversidade de sabores e novos benefícios
A escolha entre os tipos de leites vegetais pode variar segundo critérios tão diferentes quanto gosto, necessidade nutricional ou exigências de determinada receita. O de amêndoas, nozes ou castanhas, por exemplo, costuma se destacar pelo sabor. Mas seus benefícios para a saúde não ficam atrás. “No caso da castanha, o leite será rico em proteína, ferro, cálcio e zinco. Já cereais como arroz, aveia, trigo e cevada são ricos em vitaminas do complexo B e em zinco”, explica Guimarães.
O nutricionista aponta ainda outras vantagens dos leites vegetais. “Eles têm menos gordura e são ricos em fibras”, destaca. Segundo Guimarães, o baixo teor de gordura dos leites vegetais não traz prejuízos às receitas que pedem leite de origem animal. “A quantidade de gordura que o leite de vaca, por exemplo, disponibiliza durante um preparo é mínima. Portanto, sua substituição não altera o resultado final. Isso aconteceria se o leite vegetal fosse utilizado no lugar da manteiga ou de algum óleo”.
Mas se a necessidade por gordura é um pouco maior, o leite de coco é uma ótima opção. Velho conhecido de inúmeras receitas, ele enriquece desde peixes cozidos até diversas sobremesas. A versão feita em casa, sem aditivos, conservantes ou processamentos desnecessários, garante o máximo dos benefícios do coco.
Sua polpa é rica especialmente em vitaminas e sais minerais. Entre suas propriedades, uma das mais conhecidas é a antiinflamatória. Embora não seja consenso entre profissionais da área, há quem recomende o leite de coco para bebês alérgicos ou intolerantes à lactose, ou cujas mães não possam amamentar. O ideal é consultar um médico.
Receitas
Leite de amêndoas
Deixe um prato raso de amêndoas de molho na água por 12 horas, com uma colher (sopa) de soro de iogurte. Depois, escorra esta água e acrescente às amêndoas 4 xícaras de água filtrada. Transfira tudo para o liqüidificador. Bate na potência máxima por 1 minuto, até a mistura ficar homogênea. Pode-se usar o leite sem coar ou passá-lo por um filtro de pano ou uma peneira forrada com uma fralda de pano.
Leite de coco caseiro
Bata bem, no liqüidificador, 1 xícara de coco fresco ralado e 1 xícara e 1/2 de água morna ou água de coco. Passe por um coador forrado com um pano de algodão bem fino. Guarde o líquido em geladeira por até dois dias, em recipiente fechado e esterilizado, preferencialmente de vidro, que não guarda cheiros.
As receitas de leite de amêndoas, de leite de coco e as dicas foram retiradas do site pat.feldman.com.br
Dicas
O mesmo leite pode ser feito com nozes e castanhas em geral (de caju, do Pará, entre outras). Pode-se adicionar algumas gotas de extrato natural de baunilha, uma colher (café) de mel ou lascas de rapadura para acentuar o sabor. Acerte a consistência de acordo com o uso. Para substituir o creme de leite em receitas, deve-se deixar o leite mais grosso; para beber ou acrescentar em vitaminas, pode deixá-lo mais ralo.
Se seu liqüdificador não for muito potente, bata as amêndoas e a água por uns três minutos, ou até que o leite esteja branquinho e cremoso. Uma pitadinha de sal marinho “quebra” o gosto aguado. Experimente misturar com café, com cacau em pó ou bater com frutas. Os óleos das castanhas são delicados e se oxidam facilmente. Então, se for aquecer o leite, faça-o o mínimo possível – sob fogo brando e por pouco tempo.
Fonte: Diário do Nordeste