Imagine como deve ser engravidar e entrar em estado de lactação apenas para gerar um produto (leite) a ser consumido por animais de outra espécie
Por David Arioch
Você já considerou que o leite de vaca produzido com a finalidade de atender predileções humanas de consumo é uma violência contra a maternidade animal? Nesse segmento da pecuária, nos deparamos basicamente com vacas que têm a sua vida reprodutiva subjugada à produção leiteira.
Ou seja, embora sejam animais com características e capacidades emotivas e sociais (pense na conexão primordial da vaca com o bezerro e a forma como ela se relaciona com suas companheiras), suas vidas são pautadas pelos ditames do mercado. Seus interesses enquanto seres individuais são completamente desconsiderados.
Uma novilha ou vaca é escolhida pelo seu possível potencial reprodutivo, que normalmente perpassa pela questão do aperfeiçoamento genético (até porque se o animal não for uma boa matriz, ele é enviado mais cedo para o matadouro). Então ela é condicionada a engravidar, seja por meio de inseminação artificial ou não. E isso ocorre de forma totalmente mecânica, fria e destituída de qualquer valor inerentemente instintivo de sua própria natureza obliterada da essência.
Imagine como deve ser engravidar e entrar em estado de lactação apenas para gerar um produto (leite) a ser consumido por animais de outra espécie. Ou seja, sua sexualidade, independente de método, é explorada de forma condicionada, sistemática e exaustiva. Seus anseios naturais são suprimidos e sua condição de viver é submetida o tempo todo aos critérios da indústria.
E em caso de inseminação artificial, sua intimidade é violada por mãos humanas e um aplicador metálico. O quanto isso te parece sensível? E ela é mantida em um pequeno espaço que inviabiliza qualquer possibilidade de fuga ou maior resistência.
Se tal violação for bem-sucedida na pecuária de leite, que tem como meta buscar meios de garantir um parto por ano envolvendo cada vaca, a fêmea passa a receber uma alimentação com o objetivo de assegurar que chegue ao peso considerado ideal para o parto.
Já após o nascimento, o padrão é o bezerro passar 24 horas com a vaca antes de serem apartados, e os machos logo serão descartados (mortos) porque não são economicamente viáveis na pecuária de leite. Imagine o impacto dessa rotina para uma vaca. Como isso pode não ser uma violência contra a maternidade animal?
Saiba Mais
Uma vaca leiteira vive em média cinco anos, embora tenha potencial para viver por 15 a 20 anos. Sendo assim, se sua expectativa de vida é reduzida, não há como ignorar que isso é consequência do sistema de exploração animal em que o animal está inserido.
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