É bem provável que pouca gente saiba, mas Belém (PA) tem legislação própria quando o assunto é a proteção de animais. No entanto, quem se dedica a cuidar dos animais quando há situação de maus-tratos garante que é como se as leis não existissem, já que elas não são cumpridas. “Faltam políticas públicas, faltam ações emergenciais mínimas, como por exemplo a esterilização de animais que vivem nas ruas. Falta uma polícia específica que realmente puna quem abandona e agride um animal”, afirma Olinda Cardias, presidente da Associação de Combate aos Maus-Tratos de Animais (Ascoma).
O projeto mais recente do vereador José Scaff Filho (PMDB), que ainda não foi votado no plenário da Câmara Municipal de Belém (CMB), propõe que seja proibida a utilização de animais em testes feitos pela indústria cosmética: “Mesmo não tendo indústrias dessa natureza em Belém, a ideia aqui é prevenir, nos antecipar mesmo”, afirma Scaff.
Voluntária desde o ano passado do abrigo Au Family – criado no primeiro semestre de 2013 para receber os cães sobreviventes do massacre em Santa Cruz do Arari, Isabela Lima é entusiasta da ideia da criação de um Conselho, e cita ainda outras medidas necessárias para proteger aqueles que precisam da boa vontade humana para não passar por situações de sofrimento. “Faltam políticas públicas e uma punição efetiva para quem causa qualquer mau-trato a um animal, e isso inclui desde o abandono até o abuso sexual, e até esse tipo de denúncia chega a nós. Tem denúncia todo dia”, relata.
Isabela conta que a dona do abrigo, Raquel Viana, já cuidava de animais abandonados há cerca de oito anos, e que o nome foi criado oficialmente após o episódio no interior do Estado. “Hoje há mais de 400 animais lá, inclusive vários ainda de Arari. Não conseguimos castrar todos que recebemos vindos de lá, já que custa caro e o abrigo se sustenta de doações, e o Estado não ajudou financeiramente com isso. E aparecem animais novos toda semana, eles aparecem amarrados no portão do abrigo, ou aparecem durante as feiras de doação. Há feiras em que chegamos com cinco gatos e voltamos com 12”, conta a voluntária.
A presidente da Ascoma acredita que já houve um avanço em relação à questão dos maus-tratos, especialmente de animais de pequeno porte, mas acredita que Belém ainda padece com tão pouca estrutura para assistir animais abandonados. “Acredito que a pior situação seja a dos animais de tração, para eles não há qualquer política pública de proteção, existe uma lei que regulamenta a carga de trabalho deles, mas que não é cumprida de fato porque não há fiscalização, e que também não é ideal, o ideal é que esses animais não sejam usados para isso”, explica.
“Então se avançamos de um lado, com a maior conscientização das pessoas em relação aos maus-tratos, e a internet ajuda muito nisso, pela força das redes sociais, falta que nossos governos avancem, dando uma resposta à altura dessas necessidades”, reforça Olinda.
Para quem quer ajudar o abrigo Au Family, visite a página deles no Facebook, com informações sobre pontos de doação de ração, produtos de limpeza e remédios, mutirão para banhos, feiras de adoção de animais, e outras atividades.
Fonte: Diário Online