Uma lata de refrigerante de uma marca extinta há mais de 20 anos foi levada pelo mar à areia da praia na Ilha das Palmas, em Guarujá (SP). Especialistas alertam que a lata de alumínio ficou no oceano por anos até chegar na areia.
O objeto, que mantém as cores originais e tem na embalagem uma reflexão sobre o descarte de lixo, foi encontrado pelo portuário Renato Lemos Miranda.
“Ela estava entre as pedras, mais para o fundo. Usei um pedaço de ferro, que deve ter chegado também com a maré, e puxei a latinha”, contou ao G1. Após lavar a lata, Miranda observou que a validade do refrigerante era de novembro de 1998.
“Fiquei até chateado, não é bacana. Fiz uma postagem nas redes sociais para criar um pouco de senso nas pessoas sobre os impactos que causamos na natureza”, disse.
A geógrafa e mestre em Tecnologia Ambiental, professora da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), Técia Bérgamo, afirma que não dá para apontar a origem da lata e o que motivou a aparição dela em Guarujá.
“Quando verificamos algum tipo de resíduo ou lixo, percebemos de forma silenciosa que os oceanos estão sofrendo. Sobre a origem, primeiramente, só pensamos na atividade humana, mas tem a questão das inundações, que contribuiu para levar esse lixo para o mar, os ventos, os rios poluídos. Além disso, nossa região tem as plataformas petrolíferas e o transporte marítimo”, explicou.
A lata, segundo Tecia, não se corrói no oceano e o processo final de decomposição de seu material leva mais de mil anos para ocorrer.
Segundo a geógrafa, a aparição da lata na praia expõe a grande quantidade de lixo jogado no meio ambiente no decorrer dos anos.
“Consequência disso é a perda de biodiversidade e a redução de recursos. É resultado da má gestão dos resíduos sólidos nas cidades e a falta de conscientização da população. Há necessidade de políticas públicas para que nenhum material ou resíduo chegue nas praias. O mar está devolvendo o que ele recebeu”, alertou.
A lata ficou com Miranda, que a levou para casa e a colocou ao lado da lata de cerveja de 1995 que ele encontrou em Guarujá, na Praia do Sangava, em 2015. Apesar disso, ele não pretende continuar com o refrigerante e aceita doá-lo para uma instituição que defenda a causa ambiental.
As reflexões feitas por Miranda tem seu pai como inspiração. Já falecido, ele realizava mutirões de limpeza nas praias. “Encontrar a latinha me fez perceber o quanto nossos impactos podem ser negativos por tanto tempo”, concluiu.