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Lastro dos navios ameaça a vida marinha dos oceanos

1 de agosto de 2011
3 min. de leitura
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(Imagem: Reprodução)

Usada para garantir a estabilidade dos navios durante as viagens, a água do mar, chamada de lastro, é vetor de uma das quatro maiores ameaças aos oceanos: a bioinvasão. Capaz de causar impactos ambientais, econômicos e à saúde pública, a proliferação de espécies aquáticas começa nos tanques dos navios, especialmente naqueles de carga.

Antes de zarpar, a embarcação vazia é carregada com água do mar como forma de aumentar seu peso e garantir que uma maior parte do casco fique submerso. Com isso, são asseguradas condições mínimas de estabilidade, governo e manobra. Quando captada nos portos, a água salobra, rica em vida marinha, carrega consigo centenas de micro-organismos como bactérias, vírus, cistos, mexilhões e peixes para os tanques de lastro dos navios.

O Instituto Água de Lastro Brasil estima que cerca de 5 bilhões de toneladas de água de lastro sejam transportados anualmente em todo o mundo e que cada navio seja capaz de carregar mais de 3 mil tipos de espécies diferentes numa única viagem. Diante de condições extremas, muitas delas sequer chegam a sobreviver ao percurso, enquanto outras dão sequência ao ciclo de vida mesmo em ambiente inóspito. No destino final, os tanques são esvaziados e a água capturada a quilômetros de distância é eliminada. Em um novo habitat, as espécies passam por mais uma barreira de sobrevivência, o que não impede que algumas ainda resistam e coloquem em risco a fauna nativa, causando uma série de prejuízos à comunidade daquele local.

“No Maranhão, a população sofre com a ocupação do siri Charybdis hellerii vindo dos oceanos Índico e Pacífico. Mais agressivo, ele está substituindo a espécie local, mas não tem valor comercial algum”, explica o pesquisador do Departamento de Engenharia Naval da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do Instituto Água de Lastro Brasil , Newton Narciso Pereira.  Tudo disso graças à ação humana, que gera toda espécie de desequilíbrio na natureza.

Sem multas

Segundo o comandante da Marinha, Edgar Barbosa, “os navios que escalam em portos ou terminais brasileiros estão sujeitos à inspeção naval com a finalidade de determinar se estão em conformidade com a Norma da Autoridade Marítima para o Gerenciamento da Água de Lastro de Navios (Normam-20).” A punição para aqueles que não cumprem a legislação pode variar entre R$ 5 mil e R$ 50 milhões. “Os valores serão determinados em função da gravidade da infração, coerentes com as demais penalidades empregadas na navegação internacional”, acrescenta o comandante. Apesar do rigor da norma, não há registros de multas este ano.

Daqui para o futuro

Para aumentar o rigor da fiscalização sobre os navios que atracam nos portos brasileiros, a ONG Água de Lastro, juntamente com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), está desenvolvendo um equipamento para monitorar as embarcações. “São sensores com localização GPS que estarão em teste no fim deste ano”, explica o pesquisador do Departamento de Engenharia Naval da USP, Newton Narciso Pereira. A intenção é que o aparelho identifique exatamente as coordenadas geográficas em que foi realizada a troca da água de lastro dos tanques. “Saberemos quando os tanques foram ligados para realizar este processo, assim como o tempo que durou a operação”, acrescenta. O objetivo é garantir que a legislação está sendo cumprida, e o meio ambiente, preservado.

Com informações do Estado de Minas

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