De quinta o João sempre se atrasa. Ele fica debruçado na janela do escritório depois das 18h, porque é a partir desse horário que ela costuma aparecer. E só de quinta: Iolanda, a coruja branca. Iolanda foi ele mesmo que deu. É o nome de sua mãe, que há anos se foi para o lado de lá, em uma noite de quinta, enquanto dormia. Para ele, a noite de quinta foi quem a levou embora. Pois então. A partir desse dia, e em sinal de compaixão, a natureza passou a enviar a coruja solitária para confortar seu coração. A ave tem lindas e sedosas penas brancas que, com um pouco de perolado, fazem a luz da Lua ficar ainda mais bonita refletida nela. E tem olhos que parecem ser a própria Lua, só que encoberta com caramelo. É este espetáculo que o João fica esperando. O espetáculo mágico da coruja que traz sua mãe de volta toda a quinta, depois das 18h.