Após cobrar ações concretas do governo Bolsonaro durante a mais recente Conferência do Clima, em novembro, o enviado especial do governo americano para o clima, John Kerry, afirmou que os Estados Unidos estão trabalhando “muito de perto” com o Brasil para melhorar a proteção da Amazônia.
Ele falou rapidamente à Folha após painel no encontro do Fórum Econômico Mundial em Davos sobre uma iniciativa climática que reúne empresas comprometidas em zerar suas emissões de gases-estufa.
“O Brasil é um país crítico [na questão climática]. Temos que conseguir melhorar as ações na Amazônia para interromper que o desmatamento, isso é crucial”, afirmou.
Kerry disse que, em conversa recente, o ministro Joaquim Leite (Meio Ambiente) disse que o país planejava melhorar o monitoramento e promover novas medidas. “Nós vamos trabalhar muito de perto com o Brasil para tentar ajudar.”
A transição para uma economia limpa —menos poluente— e a crise climática têm sido o segundo tema de atenção em Davos em uma conferência quase totalmente dominada por debates sobre a Guerra da Ucrânia e suas consequências econômicas, geopolíticas e sociais.
O Brasil, porém, participa de apenas dois painéis sobre o tema, em ambos representados pelo presidente do BNDES, Gustavo Montezano. O ministro Paulo Guedes (Economia), que também está no encontro anual do Fórum, tem conversado sobre o tema com empresários e autoridades, mas não participa dos painéis específicos.
Nas conversas, ele afirma que a posição brasileira em relação à preservação ambiental mudou, e que o país estaria mais ativo agora do que nos primeiros anos do governo Bolsonaro, pois teve de entender que a nova paisagem econômica assim exige.
O governo brasileiro, segundo executivos, tem sido cobrado a respeito da Amazônia após registrar alguns dos piores índices de desmatamento de sua história, sendo chamado inclusive a responder obre ações de longo prazo.
Guedes, por sua vez, insiste que a chave para avançar na preservação é os países mais ricos pagarem pela preservação das florestas tropicais em locais como Brasil e Indonésia e afirma que tem debatido a possibilidade com o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann.
O compromisso ambiental é um dos entraves para a ascensão do Brasil à entidade, que reúne parte dos países mais ricos.
No painel desta quarta (25) Kerry, sentado ao lado de Bill Gates, o fundador da Microsoft, apresentou a expansão de uma iniciativa de empresas para adotarem o carbono zero, algo que ele e os demais participantes do painel —como Gates e Ruth Porat, diretora financeira do Google — consideram inevitável.
Fonte: Folha uol