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VITÓRIA NO TRIBUNAL

Justiça permite que ONG ajude animais afetados pela seca no Pantanal após governo de MT tentar impedir instalação de pontos com água

Secretaria de Meio Ambiente alega que o Pantanal está vivenciando um ciclo normal de seca e cheia e que, por isso, a distribuição de água por voluntários poderia atrapalhar a vida da fauna na região

15 de setembro de 2024
Vivian Guilhem | Redação ANDA
2 min. de leitura
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Foto: SOS Pantanal

A Justiça de Mato Grosso concedeu uma liminar ao Grupo de Resposta a Animais em Desastres (GRAD), autorizando os voluntários a fornecer água para os animais em situação crítica devido à seca extrema na região da Transpantaneira, no Pantanal. Esta decisão segue uma ação da ONG contra o estado, que inicialmente tentou impedir a instalação de pontos de distribuição de água para a fauna.

A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) havia argumentado que o Pantanal estava apenas passando por um ciclo normal de seca e cheia, mas o juiz Antonio Horácio da Silva Neto considerou essa alegação insustentável diante da grave crise que o bioma enfrenta. “Se a associação possui profissionais capacitados e cobre todos os custos, por que não aceitar essa ajuda? Por que não unir esforços em benefício da vida animal, que claramente está em risco?” questionou o juiz.

O estado não pode mais impedir que o GRAD estabeleça pontos de água e forneça alimentos e cuidados médicos emergenciais. A ONG terá que apresentar relatórios quinzenais à Justiça, documentando suas ações e garantindo que não haja danos adicionais à fauna e ao meio ambiente.

A ONG destacou a dificuldade enfrentada devido ao negacionismo e à resistência das autoridades. “Enquanto alguns minimizavam a urgência, os animais padeciam com a falta de água”, afirmou a GRAD.

Desde janeiro, Mato Grosso lidera o Brasil em número de queimadas, e a situação se agravou com a declaração de emergência em agosto. Especialistas alertaram para uma temporada de incêndios devastadora, e a situação dos animais, que enfrentam desidratação e desnutrição devido à seca e à falta de alimento, continua crítica.

Estudos recentes do MapBiomas Brasil mostram que o Pantanal experimentou uma seca histórica, com a superfície de água em 2023 sendo 61% menor que a média histórica, e 9 milhões de hectares queimados, representando 59,2% do território. Essa grave situação foi discutida em uma reunião em 19 de agosto, na qual o estado se opôs à ajuda emergencial para a dessedentação dos animais.

Nota da Redação: a decisão do governo de Mato Grosso de tentar impedir que a ONG GRAD auxilie os animais afetados pela seca e pelos incêndios demonstra absoluto descaso com vidas preciosas. Ao negar a ajuda emergencial e tentar barrar a instalação de pontos de distribuição de água, o governo não só negligencia a grave crise enfrentada pelos animais, como também demonstra uma falta de empatia e responsabilidade. Enquanto a seca extrema e os incêndios devastam o Pantanal, exacerbando o sofrimento dos seres que ali habitam e que buscam desesperadamente água e alimento, a recusa em permitir a intervenção de uma organização capacitada revela um profundo desprezo pelos direitos dos animais e pela urgência da situação. Essa postura não apenas agrava a crise, mas também perpetua o ciclo de sofrimento da fauna, que neste momento dependem da boa vontade dos políticos para sobreviver.

 

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