A Justiça de Mato Grosso concedeu uma liminar ao Grupo de Resposta a Animais em Desastres (GRAD), autorizando os voluntários a fornecer água para os animais em situação crítica devido à seca extrema na região da Transpantaneira, no Pantanal. Esta decisão segue uma ação da ONG contra o estado, que inicialmente tentou impedir a instalação de pontos de distribuição de água para a fauna.
A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) havia argumentado que o Pantanal estava apenas passando por um ciclo normal de seca e cheia, mas o juiz Antonio Horácio da Silva Neto considerou essa alegação insustentável diante da grave crise que o bioma enfrenta. “Se a associação possui profissionais capacitados e cobre todos os custos, por que não aceitar essa ajuda? Por que não unir esforços em benefício da vida animal, que claramente está em risco?” questionou o juiz.
O estado não pode mais impedir que o GRAD estabeleça pontos de água e forneça alimentos e cuidados médicos emergenciais. A ONG terá que apresentar relatórios quinzenais à Justiça, documentando suas ações e garantindo que não haja danos adicionais à fauna e ao meio ambiente.
A ONG destacou a dificuldade enfrentada devido ao negacionismo e à resistência das autoridades. “Enquanto alguns minimizavam a urgência, os animais padeciam com a falta de água”, afirmou a GRAD.
Desde janeiro, Mato Grosso lidera o Brasil em número de queimadas, e a situação se agravou com a declaração de emergência em agosto. Especialistas alertaram para uma temporada de incêndios devastadora, e a situação dos animais, que enfrentam desidratação e desnutrição devido à seca e à falta de alimento, continua crítica.
Estudos recentes do MapBiomas Brasil mostram que o Pantanal experimentou uma seca histórica, com a superfície de água em 2023 sendo 61% menor que a média histórica, e 9 milhões de hectares queimados, representando 59,2% do território. Essa grave situação foi discutida em uma reunião em 19 de agosto, na qual o estado se opôs à ajuda emergencial para a dessedentação dos animais.
Nota da Redação: a decisão do governo de Mato Grosso de tentar impedir que a ONG GRAD auxilie os animais afetados pela seca e pelos incêndios demonstra absoluto descaso com vidas preciosas. Ao negar a ajuda emergencial e tentar barrar a instalação de pontos de distribuição de água, o governo não só negligencia a grave crise enfrentada pelos animais, como também demonstra uma falta de empatia e responsabilidade. Enquanto a seca extrema e os incêndios devastam o Pantanal, exacerbando o sofrimento dos seres que ali habitam e que buscam desesperadamente água e alimento, a recusa em permitir a intervenção de uma organização capacitada revela um profundo desprezo pelos direitos dos animais e pela urgência da situação. Essa postura não apenas agrava a crise, mas também perpetua o ciclo de sofrimento da fauna, que neste momento dependem da boa vontade dos políticos para sobreviver.