A Secretaria de Saúde de Águas de São Pedro (SP) retirou 30 cães de uma residência na avenida Antonio José de Moura Andrade, ontem (2) pela manhã, em cumprimento a uma ordem judicial. Os animais foram levados para o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Americana, onde permanecerão por 40 dias e posteriormente serão encaminhados para adoção. A retirada dos cães também foi acompanhada pela Vigilância Sanitária de São Pedro.
De acordo com o secretário de Saúde de Águas, Marco Antonio Casarini, há cerca de 40 dias houve denúncia sobre a quantidade de cães na residência e de maus-tratos. “Recebemos a denúncia e, como a tutora não permitiu nossa entrada, entramos com processo no Fórum e hoje recebemos a ordem. A Justiça determinou a retirada de todos os animais e que seja feita a limpeza da residência, desinfecção e a colocação de portas e vidros nas janelas do imóvel. Esses trabalhos começam a partir da próxima semana”, afirmou.
O mau cheiro na residência era insuportável, mesmo do lado de fora. A proprietária do imóvel, de 49 anos, afirmou que dava ração para os cães, quando comprava ou ganhava. Durante a retirada dos animais, ela abraçou todos, principalmente as duas cadelas mais velhas, Paula e Pepita, que junto com as cachorrinhas Simony e Bianca, geraram todos os outros animais que estavam na casa. “Adoro os cachorros e tenho amor na criação. Sempre limpo a casa e eles não mordem ninguém. Se puder quero ficar com elas”, contou.
Essa não é a primeira vez que isso ocorre com a tutora dos animais. Há dois anos, a prefeitura de Águas também retirou cerca de dez cães, mas ficaram as duas adultas, sem castrar. Dessa vez a ordem era para que todos fossem retirados. “Vamos verificar com o juiz para que as cadelas Paula e Pretinha, que estão há mais tempo com a tutora, possam retornar depois de serem castradas”, contou o secretário.
Casarini explicou que, por lei, toda família residente em Águas de São Pedro só pode ter no máximo quatro cães. “Além de desrespeitar a lei, esses cães não estavam sendo tratados adequadamente”, afirmou.
A maioria dos cães é jovem, apenas cinco são adultos. Alguns estão desnutridos, com doença grave de pele, e todos apresentam diarreia, que pode ter sido causada por verminose, fungo ou sarna. “Em condições normais eles estariam saudáveis. Há potencial para a recuperação deles”, explicou a veterinária Andrea do Nascimento Araújo Pratti, de São Pedro.
No CCZ de Americana, os animais ficarão isolados dos demais, segundo Aneli Marques Neves, veterinária. “Eles estão debilitados. Foi coletada amostra sanguínea de todos para exame sorológico, que vai mostrar se eles têm outras doenças. Do jeito que eles estavam aqui, sem controle das ninhadas, até o final do ano poderia chegar a 60 cães”, comentou.
As equipes tiveram uma surpresa no interior do imóvel. Ao contabilizar 22 cães, a fiscal do CCZ de Americana, Franciele Fidelis, recebeu a informação que foram encontrados no quarto da residência mais oito recém-nascidos. Eles foram colocados em uma caixa de transporte com a mãe e levados para Americana em um veículo separado dos demais. “Essa precaução é necessária para evitar que eles contraiam as doenças que os outros animais apresentam”, explicou a veterinária Aneli.
A expectativa de todos que participaram da retirada ontem é que os animais superem o estresse da mudança e se recuperem. Os cães receberam da equipe chips de identificação. As duas cadelas Paula e Pepita tiveram de ser sedadas por ficarem agressivas. Segundo a veterinária Andrea, o medicamento ajuda também a evitar o estresse durante o transporte dos cães.
Até o início da tarde de ontem, as amostras de sangue colhidas dos cães estavam sendo examinadas em São Pedro. Das 22 coletadas dos cães jovens e adultos, 19 deram negativo para leishmaniose e outras três amostras ainda não tinham o teste concluído até o fechamento da reportagem.
Fonte: Gazeta de Piracicaba