A Suprema Corte de Justiça do México (SCJN) decidiu na quarta-feira (09/07), manter a elefanta africana Ely no Zoológico de San Juan de Aragón, na Cidade do México, ignorando apelos de ativistas pelos direitos animais que pediam sua transferência para o Santuário de Elefantes Brasil (SEB). A decisão, tomada por três votos a dois, nega a Ely a chance de viver em um ambiente mais natural e livre.
A ativista Susana Ramírez Terrazas, que moveu o processo de amparo 1092/2021, argumentava que Ely vive em isolamento, privada de sua liberdade e submetida a condições que limitam seu comportamento natural. A elefanta, que já sofre com lesões crônicas, nunca poderá viver em manada, caminhar longas distâncias ou desfrutar de um espaço que atenda às suas necessidades físicas e emocionais. No entanto, a Corte optou por ignorar esses argumentos, alegando falta de provas de maus-tratos, uma decisão que desconsidera o sofrimento intrínseco de um animal selvagem aprisionado.
Apesar de o zoológico afirmar que Ely recebe cuidados veterinários, isso não anula o fato de que ela está condenada a uma vida artificial, longe de seu habitat natural. A justificativa de que uma transferência seria “arriscada” é contraditória, já que santuários especializados, como o SEB, são preparados para receber elefantes resgatados, oferecendo espaço, liberdade e convívio com outros indivíduos da mesma espécie.
A Associação de Zoológicos do México (AZCARM) defendeu a decisão, alegando “critérios científicos”, mas falha em reconhecer que zoológicos nunca poderão substituir a vida em liberdade, além de explorar animais em troca de dinheiro. Elefantes em cativeiro desenvolvem problemas físicos e psicológicos, como estresse e comportamentos estereotipados, algo que poderia ser evitado e melhorado em um santuário.
Enquanto isso, Ely continuará trancada, sem a possibilidade de expressar seus instintos mais básicos. A recusa da Justiça em reconhecê-la como “pessoa não humana” também revela a visão retrógrada de que animais são meras propriedades, e não seres sencientes com direito à dignidade.
Esta decisão é um retrocesso para os direitos animais no México, que teve decisões importantíssimas recentemente, e uma sentença de prisão perpétua para Ely. Enquanto autoridades se escondem atrás de burocracias e supostos “riscos”, uma vida inteira de confinamento e solidão se estende diante dela. A luta pela libertação de Ely não acabou e não pode acabar enquanto houver injustiça.