O que é a Justa Trama?
“É a marca da cadeia ecológica do algodão solidário, da qual participam trabalhadores(as) organizados(as) que integram empreendimentos da economia solidária. São homens e mulheres agricultores, fiadores, tecedores, coletores e beneficiadores de sementes e costureiras. A associação e cooperativas cobrem todos os elos da cadeia do algodão – do plantio à roupa. Quem está neste processo de produção é também o proprietário da marca.
Além do princípio de preservação do meio ambiente, a JUSTA TRAMA também consegue, com a produção direta das cooperativas e portanto sem o atravessador, agregar valor a todos os elos, com ganhos de 50% a 100% acima do mercado, fazendo assim acontecer uma justa distribuição de renda.
Assim, ao comprar uma roupa da Justa Trama, estamos contribuindo para a consolidação de um modelo de desenvolvimento sustentável e solidário, em que a cooperação vai do primeiro ao último elo da cadeia: você” .
No nordeste brasileiro, a modernização da agricultura destruiu o algodão arbóreo, uma planta perene que resistia à seca e integrava o sistema sustentável na lavoura do semiárido, trazendo do sul temperado do país o algodão herbáceo. Modernizada apenas aparentemente, o alto consumo de fertilizantes químicos e venenos sintéticos foram subsidiados pelo crédito bancário, fortalecendo as estruturas coloniais de dependência na região. As sementes eram vendidas pelo governo do Estado e os demais insumos pelas transnacionais sediadas em São Paulo.
Foi num contexto de migração, evasão da riqueza, desorganização social e dependência de políticas assistencialistas resultantes, aliado à demanda internacional por “algodão orgânico”, que nasceu a ideia de uma cadeia produtiva do algodão agroecológico, um produto que, do começo ao fim, fosse desenvolvido de forma solidária, valorizando tanto o trabalho como a qualidade e a sustentabilidade ambiental.
A produção de bolsas para o Fórum Social Mundial de 2005 marca o início desse empreendimento, quando a confecção adquiriu tecido de uma cooperativa de tecelagem, que, por sua vez, comprou o fio de outra cooperativa de fiação, fazendo, assim, acontecer uma outra economia: as bolsas foram confeccionadas pela Cadeia Produtiva Solidária do Algodão, que, então, ainda não era o do algodão ecológico. Desde o início, o processo vem alcançando etapas importantes. A criação da marca Justa Trama em 2005 e a criação da Central Justa Trama em 2007 são algumas delas.
A cadeia ecológica do algodão solidário se dá em cinco etapas. A primeira é a do algodão agroecológico, em nove municípios do Estado do Ceará, onde agricultores familiares associados plantam, beneficiam e comercializam o algodão em pluma para o resto da cadeia. As duas etapas seguintes acontecem em São Paulo. O algodão é enviado para a Cooperativa Nova Esperança – CONES, em Nova Odessa, que produz o fio de algodão e depois, na terceira etapa, o fio vai para o município de Santo André, onde a STILUS COOP transforma o fio em malha.
A quarta etapa, a confecção das roupas, é feita por duas cooperativas do Sul do país. A Cooperativa de Costureiras UNIVENS, de Porto Alegre/RS, e COOPERATIVA FIO NOBRE, de Itajaí/SC. E a quinta etapa, a extração de sementes para serem aplicadas nas peças de vestuário em forma de bordados, botões e outros acessórios, é realizada pela Cooperativa Açaí, que fica em Porto Velho, Rondônia.
O modelo produtivo em que se procura não prejudicar a natureza e onde os maiores beneficiários são aqueles que atuam direta ou indiretamente com o algodão, contribui com a fixação do homem no campo e a geração de trabalho e renda digna e estável no meio rural. Com o beneficiamento do caroço do algodão compõe-se ainda um conjunto de estratégias de sobrevivência de grande importância social e econômica para a região.
A produção está em vias de obter a certificação, o que deverá incentivar o comércio internacional. As vendas diretas das peças vêm ocorrendo por meio de eventos e feiras de Economia Solidária e, de modo especial, por telefone e pelo site. A marca Justa Trama cresce procurando respeitar o planeta.
Portanto, a Justa Trama é a marca da cadeia ecológica do algodão solidário, da qual participam trabalhadores organizados que integram empreendimentos da economia solidária. São homens e mulheres agricultores, fiadores, tecedores, coletores e beneficiadores de sementes e costureiras. As associações e cooperativas cobrem todos os elos da cadeia do algodão – do plantio à roupa. Além do princípio de preservação do meio ambiente, a Justa Trama, também consegue, com a produção direta das cooperativas e, portanto, sem o atravessador, agregar valor a todos os elos, com ganhos de 50% a 100% acima do mercado, fazendo assim acontecer uma justa distribuição de renda. Assim, ao comprar uma roupa da Justa Trama, o consumidor está contribuindo para a consolidação de um modelo de desenvolvimento sustentável e solidário, em que a cooperação vai do primeiro ao último elo da cadeia, o consumidor.
Esta experiência de tramar sustentabilidade a partir das fibras do algodão orgânico começou ao mesmo tempo em várias regiões do Brasil. Foi o que relatou uma de suas idealizadoras, Idalina (da Cooperativa Fio Nobre de Itajaí-SC), cuja sonoridade do nome já vem de “ideal”. E hoje se tornou mais que uma tecnologia sustentável, é uma verdadeira Cooperativa Central, a Justa Trama.
Na prática vários grupos de mulheres e também de agricultores buscavam organizar-se para produzir de forma solidária. Isso acontecia de norte a sul, e o espaço dos Encontros da Economia Solidária proporcionou a realização dessa união.
Segundo Idalina, a articulação se consolidou durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, com o fornecimento de bolsas de algodão cru e orgânico (um dos ícones do evento). A “trama” garante hoje renda a mais de 700 pessoas envolvidas entre pequenos agricultores de algodão no Ceará, coletores de sementes em Rondônia, para botões ou biojoias; fiadoras e tecedoras em São Paulo, e costureiras no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
O grande diferencial está exatamente na forma como a cadeia produtiva foi montada; do algodão que é plantado de forma consorciada e sem agrotóxicos, passando pela industrialização do fio, que acontece numa fábrica recuperada da falência pelos trabalhadores e, finalmente, o produto final nas mãos de costureiras cooperativadas.
Neste sistema, todos têm ganhos reais pela agregação de valor propiciada pelo sistema de distribuição e comercialização. No sistema convencional uma costureira de facção ganha em torno de R$ 0,45 para fechar uma camiseta. Já na Justa Trama paga-se no mínimo R$ 1,00. O custo de uma camiseta industrial, com o trabalho escravo da China, gira em torno de R$6,70. Na Cooperativa ela sai por R$20,00 e é vendida por R$25,00, ainda mais barata que uma camiseta de grife que no Shopping sai por R$30,00. A margem de lucro, em vez de ir para um único industrial, acaba distribuída na rede de cooperativados da Justa Trama.
Para quem quiser conhecer mais sobre o trabalho da Justa Trama e conhecer os produtos, segue o site www.justatrama.com.br e o email para contato [email protected]