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DOAÇÃO DE SANGUE

Junho Vermelho: saiba como cães e gatos podem salvar a vida de outros animais

A doação de sangue entre animais é um procedimento que ainda é pouco conhecido e cercado de dúvidas. A campanha Junho Vermelho busca incentivar a doação para salvar a vida de outros animais

22 de junho de 2025
Loanne Guimarães
5 min. de leitura
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Foto: Reprodução/ Pinterest

Uma causa nobre. Mais do que um ato de amor, um ato de solidariedade. Assim como os humanos, cães e gatos também podem precisar de transfusões de sangue em situações críticas e de emergência. Cirurgias, intoxicações, infecções e doenças autoimunes levam à necessidade de uma transfusão. Além da doação direta, tutores podem ajudar divulgando a causa, incentivando outros tutores a participar e apoiando campanhas de conscientização.

Os bancos de sangue veterinários também se encontram com estoque crítico de bolsas de sangue devido à baixa procura pela doação. Manter os estoques com uma boa capacidade, por longos períodos, é um desafio técnico e logístico para as clínicas veterinárias. Mariane Leão, médica veterinária e professora do curso de medicina veterinária do Centro Universitário Uniceplac, explica que o sangue precisa ser armazenado em condições rigorosas para preservar sua qualidade e segurança.

“Como o sangue tem validade limitada, há risco de perda de bolsas quando a demanda não acompanha a reposição. Isso gera uma dificuldade para manter um estoque diversificado de tipos sanguíneos raros, principalmente em gatos. Uma prática realizada é o cadastro de possíveis animais doadores nas clínicas, para, no momento de necessidade, acionar os tutores desses animais para a coleta”, detalha.

Para ser um procedimento seguro e eficaz, os animais — o doador e o receptor — precisam passar por exames físicos e hematológicos antes da doação. Com a tipagem sanguínea e o teste de compatibilidade, que avalia se o sangue doado será aceito pelo receptor, mesmo que tenham o mesmo tipo sanguíneo, é possível prevenir reações adversas. Assim como os humanos, os animais também possuem tipos sanguíneos diferentes.

Layla, uma cachorra SRD, precisou receber transfusão sanguínea para tratar uma anemia — ao todo, foram de seis a oito bolsas de sangue em um mês. “Por terem sido muitas transfusões, o hemocentro autorizou que a gente ficasse com a Layla durante os dias do procedimento, para acolher, mantê-la quietinha e bem aquecida, pois o processo levava cerca de quatro horas. Após a transfusão, Layla podia ir para casa, e tínhamos que acompanhar como ela ficava, mas, normalmente, era muito positivo. Ela chegava ao hemocentro bem debilitada e voltava muito feliz, querendo brincar de bolinha”, conta sua tutora, Maira Manesco.

Mesmo após ter passado por um teste de compatibilidade sanguínea, foi indicado à sua tutora que observasse com atenção o focinho da Layla, pois, se apresentasse algum inchaço, era um sinal de que o sangue não tinha sido aceito pelo sistema dela. E essa reação foi notada na sua última transfusão, contida com um antialérgico aplicado por uma veterinária.

Foto: Reprodução/ Arquivo Pessoal

Tipos sanguíneos

Os cães têm 13 diferentes tipos sanguíneos, que são baseados pelo sistema DEA (Dog Erythrocyte Antigen). Segundo a professora, nesse vasto grupo, os cães com o tipo DEA 1.1 positivo são receptores universais, e os DEA 1.1 negativos e saudáveis são considerados os doadores universais, pois seu sangue pode ser usado com maior segurança em receptores de qualquer tipo. Com os gatos, essa classificação é mais simples, com três tipos principais: A, B e AB, sendo o tipo A o mais comum entre os felinos, e o tipo B menos frequente. Gatos do tipo B possuem anticorpos naturais contra o tipo A, o que pode causar reações transfusionais graves.

A coleta costuma ser um procedimento rápido, seguro e indolor. Em cães, são retirados cerca de 16ml/kg a 18ml/kg de sangue, com um intervalo indicado de dois a três meses a cada coleta; em gatos, até 12ml/kg, com recomendação de doação a cada três a quatro meses, por possuírem um volume sanguíneo menor. “No caso dos cães, se a bolsa for fracionada, é possível que uma bolsa atenda até quatro animais. Já a de gatos, não é possível fazer esse fracionamento, então é uma bolsa destinada para um animal”, esclarece Kelly Carreiro, médica veterinária da Special Dog Company.

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