A Associação de Protetores de Animais, de Amargosa encaminhou uma denúncia à Polícia Militar em Itatim, município que fica a 230 km de Salvador, na Bahia, para informar que jumentos estão morrendo de fome em uma fazenda de confinamento onde os animais serão levados para um frigorífico especializado, em Amargosa, que iniciou suas atividades em 2017 e exporta cerca de 300 toneladas de carne por mês, além do couro, para indústrias de cosméticos e farmacêuticos do mercado asiático.
Na tarde desta sexta-feira (9), representantes da Polícia Militar chegaram ao local para comprovar a autenticidade das informações, além de tirar fotos e fazer vídeos do crime de crueldade com animais. O administrador da fazenda foi preso e encaminhado à Delegacia de Polícia Civil de Itatim, onde o representante interino DPC Luiz Osório estabeleceu procedimentos para apuração dos fatos. A Polícia também ligou para o Ministério Público.
Segundo o tenente Benjamin, comandante do pelotão da PM em Itatim, foram encontrados mais de 200 jumentos desnutridos na Fazenda Boa Esperança entre Itatim e Milagres, área localizada a 540 km da Praça BR 116. Alguns animais morreram, outros estão vivos, abalados pela fome, e muitas fêmeas desnutridas abortaram.
“O crime é óbvio e a imagem é chocante. Os animais ficam sem comida e a hidratação é muito instável. Só existe um lugar onde a água da chuva se acumula, onde o animal mais fraco acabará caindo e morrendo, contaminando a água que outros beberam. Sem um comedouro, alguns animais cambaleavam devido à caquexia, o que é uma perda de força. Os sinais de fraqueza que provam desnutrição são evidentes. Observou-se também que as carcaças foram engolidas por abutres em decomposição e os animais estavam à beira da morte. Nada foi visto no local, nenhum espaço para veterinário ou depósito de remédios, o que mostra que o animal está em completa pobreza e morreu de fome”, disse o tenente.
O oficial informou ainda que o detido disse que a fazenda foi alugada por um chinês residente em Amargosa e sócio do matadouro. Lá, animais de outras cidades eram recebidos, separados e encaminhados para outra fazenda, que também era alugada, localizada entre Miragres e Iaçu, mas não havia comida suficiente para eles. “Eu nasci no campo e passei a maior parte da minha infância. Também sou criador de animais. É difícil ver cenas tão negligenciadas. Porém, não precisa ser necessariamente um sertanejo, uma pessoa um pouco mais sensível, ver isso vai se emocionar. Estão sendo tomadas medidas para coibir esse crime”, concluiu o tenente.