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INVESTIGAÇÃO

Juíza dá 48h para governo explicar morte de mais de 100 aves por gripe aviária em zoológico do Rio Grande do Sul

Decisão judicial exige laudos e fotos das aves mortas após ação de ONG. Zoológico segue fechado, com sobreviventes sob proteção legal para evitar que sejam mortos.

21 de maio de 2025
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: Fernanda Bassôa / Especial CP

A juíza Patrícia Antunes Laydner, da Vara Regional do Meio Ambiente, deu 48 horas para o governo do Rio Grande do Sul prestar informações sobre a morte de mais de 100 cisnes, patos e outras aves no Zoológico de Sapucaia do Sul (RS). Os óbitos, inicialmente atribuídos à gripe aviária, levantam questionamentos sobre as condições de manejo e a falta de transparência no tratamento dos animais.

A decisão, publicada ontem, faz parte de uma ação civil pública movida pela ONG Princípio Animal, que pedia a suspensão de um leilão de aves realizado no local em janeiro. A juíza determinou que o governo apresente documentos detalhados, incluindo a lista completa dos animais mortos (com identificação por espécie), laudos técnicos que comprovem a causa das mortes, além de registros fotográficos das carcaças.

O número de vítimas aumentou significativamente. Enquanto a decisão judicial menciona 90 mortes com base em dados do dia 17, a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) admitiu que o total já ultrapassa 100. A juíza também questionou por que o Ministério da Agricultura (Mapa) e as secretarias estaduais de Agricultura e Saúde não foram notificadas previamente sobre os óbitos, exigindo que os órgãos se manifestem em 48 horas sobre seu conhecimento do caso e se realizaram inspeções no local.

Em medida preventiva, a magistrada proibiu qualquer transferência ou destinação dos animais sobreviventes, mesmo sob justificativas sanitárias, até que todos os documentos sejam apresentados. A decisão visa evitar a eliminação de possíveis provas ou o sacrifício indiscriminado de aves.

O zoológico está fechado desde 14 de maio, com acesso restrito a equipes técnicas. A Sema afirmou que reduziu pela metade o número de funcionários no local, garantindo apenas a alimentação e cuidados básicos. O governo estadual declarou que seguirá os protocolos do Mapa e encaminhará os documentos solicitados no prazo.

Falta de transparência e questionamentos éticos

A situação reacende o debate sobre o aprisionamento de animais em zoológicos, especialmente diante de surtos que poderiam ser evitados se eles não vivessem confinados no mesmo espaço. Ativistas questionam por que as mortes não foram divulgadas imediatamente e se houve falhas no monitoramento.

Enquanto isso, amostras dos animais foram enviadas à Fiocruz, no Rio de Janeiro, para análise de PCR, que confirmou a gripe aviária. Testes para outros vírus, como influenza e covid-19, deram negativos.

O caso expõe a vulnerabilidade de animais sob custódia humana e a necessidade de maior fiscalização para evitar tragédias similares. Ativistas cobram respostas claras e medidas que priorizem a vida, e não apenas controles sanitários baseados em sacrifícios em massa.

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