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INICIATIVA

Jovens peruanos desenvolvem próteses para cães usando tecnologia de impressão 3D

Uma equipe multidisciplinar aplicou escaneamento anatômico, modelagem digital e fabricação personalizada para melhorar a mobilidade de animais domésticos que sofreram amputações, demonstrando que a tecnologia pode fazer uma diferença real em suas vidas.

27 de julho de 2025
Evelin Meza Capcha
3 min. de leitura
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Foto: Dog Motion Studio

A partir do caso de “Jack”, um cachorro que perdeu uma das patas dianteiras devido a um tumor, nasceu no Peru um projeto que promete revolucionar o bem-estar de animais domésticos com amputações. Comovidos pela história do animal, dois estudantes e dois formados nos cursos de Bioengenharia e Mecatrônica da Universidade de Engenharia e Tecnologia (UTEC) decidiram agir. Assim surgiu a Dog Motion Studio, uma startup que projeta e fabrica próteses caninas personalizadas usando impressão 3D.

Segundo comunicado oficial da UTEC, a equipe desenvolveu uma próteses totalmente adaptada à anatomia de Jack. Graças a ela, o cachorro melhorou sua postura e locomoção nos últimos meses de vida, ganhando um ponto de apoio que recuperou parte de sua mobilidade.

A experiência com Jack se tornou o ponto de partida para uma iniciativa ainda maior: aplicar ciência, design e tecnologia na criação de próteses funcionais, acessíveis e de baixo custo para animais domésticos com deficiência.

Tecnologia a serviço dos animais

O processo de desenvolvimento das próteses na Dog Motion Studio segue uma metodologia rigorosa e personalizada. Em parceria com a clínica veterinária Pet Friendly, cada caso é avaliado individualmente. Em seguida, é feito um escaneamento anatômico do animal com câmeras ou scanners portáteis, gerando um modelo digital detalhado de seu corpo.

Com esses dados, os pesquisadores projetam a prótese usando softwares como CAD e Blender, considerando ergonomia, tipo de amputação, tamanho do animal e nível de atividade física. Por fim, a prótese é impressa em 3D com materiais resistentes e leves (como ABS, PETG ou TPU) e revestida com silicones protéticos macios para evitar desconforto ou ferimentos.

“Nosso projeto se destaca pelo enfoque biomecânico e pela personalização digital em cada caso”, explica Richard Calderón, formado em Bioengenharia pela UTEC. “Somos o primeiro time no Peru a aplicar tecnologias de escaneamento 3D e impressão digital para criar próteses caninas funcionais.”

Resultados concretos: Jack e Grau

Até agora, a Dog Motion Studio beneficiou dois pacientes: Jack e Grau, ambos com amputações causadas por câncer. A prótese de Jack levou 4 a 5 meses para ficar pronta, pois foi o primeiro protótipo e exigiu vários testes. Já a de Grau foi produzida em apenas um mês, graças ao aprendizado da primeira experiência.

Hoje, Grau já se adaptou totalmente à prótese e a usa ativamente, comprovando a eficácia do método. A equipe agora trabalha para reduzir o tempo de fabricação para menos de uma semana, acelerando a reabilitação de futuros pacientes.

Próteses acessíveis para todo o país

A visão dos jovens pesquisadores vai além de casos individuais: eles querem se tornar referência nacional em soluções biomédicas acessíveis para animais. Até 2026, a meta é produzir mais de 100 próteses funcionais por ano.

“Estamos padronizando os procedimentos e criando um guia aberto de fabricação para replicar essa solução em outras regiões do Peru e em locais com poucos recursos”, detalha Héctor López, estudante de Bioengenharia e cofundador do projeto.

Além de próteses, a Dog Motion Studio planeja desenvolver órteses, talas e assistentes de mobilidade, além de uma plataforma virtual para atendimento personalizado com veterinários parceiros.

Uma iniciativa com alcance regional

No futuro, a equipe pretende expandir o modelo para outras cidades do Peru e da América Latina, onde o acesso a próteses veterinárias ainda é escasso.

O impacto da Dog Motion Studio se junta a um movimento global que usa tecnologias digitais para melhorar a vida de animais com deficiência, unindo inovação, sensibilidade social e ciência.

“Acreditamos que a tecnologia pode deixar pegadas que mudam vidas”, diz Héctor. Para ele, cada passo de um animal reabilitado é também um avanço rumo a um futuro mais inclusivo e solidário.

Traduzido de InfoBae.

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