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Jovem de 16 anos é porta-voz pelos direitos animais

12 de março de 2015
5 min. de leitura
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Por Loren Claire Boppré Canales (da Redação)

Stephanie Duno é uma estudante do segundo grau na Escola Ronald Reagan em Doral, na Flórida, tira boas notas e têm excelentes amigos. Mas quando termina as aulas e as tarefas escolares, esta jovem venezuelana de 16 anos dedica-se a lutar pelos direitos e bem-estar dos animais. As informações são do site El Nuevo Herald.

Foto: El Nuevo Herald
Foto: El Nuevo Herald

“Quando vim de Caracas para os Estados Unidos, tive muitos problemas para conseguir amigos por não falar inglês. Me sentia isolada, e os únicos com quem eu conseguia me comunicar eram os meus familiares e um grupo de patinhos que vivia ao lado da minha casa. Ao ver o quanto vulneráveis eram, me converti em sua protetora e provedora “, diz Stephanie, que tinha 7 anos quando chegou aos Estados Unidos.

Stephanie descobriu que com pequenas ações, tais como levar frutas picadas e água, abrigá-los das chuvas com toalhas de banho, ou protegê-los dos gatos da vizinhança, estava fazendo a vidas dos patinhos mais segura.

Desde então não parou de trabalhar para oferecer bem-estar às criaturas que ela considera mais frágeis: os animais. Para ela, a dignidade das pessoas pode ser determinada pelo tratamento que estas dão aos animais.

Suas ações foram recentemente recompensadas com a bolsa de estudos anual P.L.A.Y, da companhia Pet Life Style, da Califórnia, uma ajuda de $1.000 que reconhece os esforços daqueles que têm uma sensibilidade especial pelo bem-estar dos animais. E seu projeto Pawssible foi finalista de um concurso de iniciativa empresarial Biznovator em Doral.

Foto: El Nuevo Herald
Foto: El Nuevo Herald

Uma porta-voz internacional

Há quase dois anos, Stephanie se converteu em embaixadora nos Estados Unidos da ONG venezuelana Huellitas de Amor, uma entidade sem fins lucrativos, dedicada a criar consciência sobre os maus-tratos a animais. Muitas das pessoas que ajudam a organização têm abrigos para animais que, ainda que nasçam das melhores intenções, se mantêm em condições deploráveis de pobreza e insalubridade, onde os animais vivem amontoados.

“Essas pessoas sem terem nada, tratam de ajudar os animais que são abandonados a própria sorte. Mas se a atual situação das pessoas na Venezuela é ruim, a dos animais é muitíssimo pior”, conta Stephanie, referindo-se ao profundo estado de escassez que existe em seu país.

Um dos abrigos que recebe ajuda da ONG Huellitas de Amor, na Venezuela (Foto: El Nuevo Herald)
Um dos abrigos que recebe ajuda da ONG Huellitas de Amor, na Venezuela (Foto: El Nuevo Herald)

Para ajudar a organização, Stephanie dedica-se durante longas jornadas a vender biscoitos caseiros de chocolate na porta da sua escola. O dinheiro arrecadado é enviado para a Venezuela, onde graças à diferença da taxa de câmbio, pode ter um valor um pouco mais alto.

“Com esse dinheiro, conseguimos apoiar campanhas de vacinação e esterilização para animais em estado de abandono na rua. Também temos melhorado os muitos abrigos, para dar aos animais abandonados a oportunidade de viver dignamente”, diz.

Aizkell Fiore, presidente da ONG Huellitas de Amor, reconhece o valor do papel que cumpre a embaixadora nos Estados Unidos.

“Stephanie cumpre uma missão importante de visibilidade internacional deste problema em seu país, onde o governo não proporciona nenhuma assistência”, acrescenta Fiore.

Stephanie também impulsionou a campanha #SalvemosElPitbull nas redes sociais, contra a Lei da Proteção da Fauna Doméstica e em Cativeiro, aprovada no último mês de dezembro na Venezuela, que estabelece que nenhuma pessoa pode ter cães da raça pit bull, e que os tutores que tenham animais dessa raça há muitos anos, devem mantê-los fechados, sem levá-los para a rua.

“É uma lei absurda de extermínio. Os animais domésticos são integrantes da família, e obrigar alguém a renunciar a seu cão ou mantê-lo em cativeiro, sem nenhum argumento válido é simplesmente ilógico e doloroso”, contesta a ativista.

Voluntária incansável 

Seu bom trabalho como voluntária é combinado com um estágio no hospital veterinário Doral Centre Animal, onde tem assistido partos e até já recebeu uma ou outra mordida dos pacientes mais travessos. Por essa experiência, Stephanie decidiu que quer ser veterinária, mas sem deixar de lado seus trabalhos como ativista.

Foto: El Nuevo Herald
Foto: El Nuevo Herald

Por enquanto, seu projeto principal é a iniciativa Pawssible, que integra o resgate de animais abandonados e o tratamento de jovens que sofreram perseguição na escola ou bullying.

“Ao ver alguém da minha família que, por sofrer abusos na escola, não conseguia fazer amigos, quis criar um programa que integrasse ambas as partes: a ajuda aos animais maltratados e as crianças e jovens perseguidos na escola”, diz Stephanie.

“O amor e afeto que um paciente recebe de um animal podem fazer a diferença entre a cura e a doença, e inclusive entre a vida e a morte”, afirma o Dr. Chris Deleo, do Hospital de Boca Ratón.

“O projeto ainda é um filhotinho”, conta Stephanie sobre Pawssible. “Mas espero que com o tempo cresça e eu possa levá-lo e desenvolvê-lo desde a escola até a minha universidade, até se tornar uma grande organização sem fins lucrativos. É uma grande satisfação saber que o que faço tem um grande impacto. Mas para mim a maior retribuição será sempre a de ver os animais movendo seus rabinhos muito rapidamente ou seu ronronar de felicidade”, acrescenta.

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