Uma turista que visitava Jericoacoara, no litoral do Ceará, denunciou situações de maus-tratos e abandono envolvendo jeguesque circulam livremente pela vila. Vídeos registrados por ela mostram um dos animais revirando o lixo e ingerindo até uma sacola plástica.
Daiane Silva Ribeiro, natural de São Paulo, esteve em Jericoacoara no início de outubro. Ela também presenciou um jegue sendo agredido por um turista estrangeiro.
“Presenciei um turista estrangeiro que bateu no traseiro de outro jegue que estava caminhando e o animal começou a correr no meio das pessoas. Um perigo se atropelar um idoso ou criança”, relata.
Os jegues estariam sendo negligenciados após a proibição do uso desses animais para transporte de turistas em Jericoacoara, prática que foi comum anos atrás no destino.
“Fiquei feliz de saber que eles são livres hoje, mas ainda existe esta falta de cuidado com esses animais que com certeza não existirão mais se continuarem comendo plástico, papel ou qualquer outra coisa por lá”, declarou Daiane.
A turista informou ainda que tentou registrar a denúncia pelos canais oficiais, mas não obteve retorno.
O prefeito de Jijoca de Jericoacoara, Leandro Cézar, informou que os jegues costumam adentrar a vila principalmente durante a noite. Segundo ele, a Prefeitura já realizou ajustes na coleta de lixo como forma de evitar que os animais tenham acesso a resíduos nas lixeiras.
Ver essa foto no Instagram
Leandro disse não estar ciente de relatos de maus-tratos e afirmou que, conforme levantamento feito pela administração municipal, há cerca de 200 jegues circulando na região do Parque. Ele também ressaltou que a Prefeitura não tem responsabilidade direta sobre os animais e que não é possível manter controle total sobre eles.
“Como não há isolamento entre o Parque e a Vila, a gente não tem como controlar”, explica.
Brasil abate mais de 60% da população de jumentos
Com base nos dados oficiais, a população de asininos no Brasil – isto é, jumentos, jegues, burros ou asnos, como são conhecidos regionalmente – caiu 62% entre 2017 e 2022. Hoje, este animal, que foi companheiro de trabalho e meio de transporte no interior do país por séculos, corre risco de entrar em extinção no Brasil devido ao abate para exportação, segundo especialistas.