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Jeep: vai valer o esforço

13 de julho de 2016
4 min. de leitura
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Crispim Zuim – Projeto O Lobo Alfa
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Que a minha dor não seja em vão. E que a minha história ajude a clarear um pouco as coisas por aqui.

Eu sou um lobo. Meus tutores se referiam a mim como “pinscher zero legítimo”. Não sei bem o que é isso, mas deve ser coisa muito boa, pois eles demonstravam ter muito orgulho disso.

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Nunca tive muito afeto deles, mas tinha casa, comida e até uma cama. A idade chegou e, com ela, algumas dores, que foram aumentando com o tempo até um dia que ouvi dizerem: “Esse cachorro está doente. Coloca ele pra fora”.

Eu passei a dormir no frio, mas conservando a esperança de me curar e poder voltar pra dentro de casa.

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Mas meu mal se agravava e ninguém me levava ao médico. Davam-me comida e água, mas eu precisava de remédios.

Não sei quanto tempo vivi o que alguns chamam de “abandono por detrás dos muros”, mas um dia, de tão feio que eu estava, eles me jogaram definitivamente pra fora da vida deles.

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Quando fui encontrado, minha madrinha pensou que eu estivesse morto e tentou me pegar apenas pra me dar um funeral mais digno do que apodrecer ali naquele canto de rua.

Uma suspirada foi o sinal de que eu ainda estava vivo. Ela me pegou e correu comigo para uma clínica, onde passei por muitos exames e procedimentos, alguns de emergência.

O diagnóstico veio antes mesmo dos resultados: leishmaniose.

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Meus olhos e minha boca estavam infeccionados e sendo comidos por miíases. Eu já estava cego e não conseguia mais comer, por falta de dentes e pela dor das feridas em minha boca.

Vi os médicos dizerem “eutanásia”. Minha madrinha disse que, se chegou a tempo, ela não desistiria. Argumentou que eu queria viver.

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Não sei se ela tinha razão. Acho que pra mim já tinha dado. As dores eram muitas, eu não tinha mais tempo e qualidade de vida era algo inatingível, naquele momento. Talvez fosse melhor começar de novo e virar essa triste página.

Meus amigos invisíveis já estavam por perto, prontos pra me levarem.

Mas, por alguma razão, ela achou que deveria ver “vontade de viver” onde não havia mais vida.

Na verdade, há uma razão pra eu continuar aqui, mesmo que seja só mais um pouquinho. Quando partimos em situação de abandono e desafeto, levamos marcas muito fundas, e que afetarão a personalidade que teremos quando retornarmos.

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Evoluímos como animais domésticos. O comportamento arredio de alguns não é natural, mas o reflexo de experiências ruins, que podem estar no presente ou no passado.

Então, quando experimentamos o aconchego e o amparo, quando ganhamos amor verdadeiro, mesmo que por apenas alguns dias, todo esse passado triste se apaga.

As pessoas precisam entender que um carinho ocasional feito em um animal abandonado faz toda a diferença. Um gesto simples como um afago é capaz de recolocar uma vida no trilho.

E este será o resultado do amparo que estou experimentando. Partirei com a certeza de ter sido amado, e com vontade de voltar, de reencontrar os amigos, de viver e evoluir.

E isso justifica a tentativa de me salvar, mesmo que pareça uma luta inglória. Meus amigos ainda não sabem se eu vou viver. Mas, diante do estado em que eu estava, eu já sobrevivi. Se terei vida longa é outra história.

Mas sinto que minha história já é um final feliz. Talvez, eu parta em breve, talvez viva ainda alguns anos. Mas isso já não importa mais. Este resgate e os cuidados que estou recebendo farão toda a diferença na minha evolução.

Ainda tenho dores, mas elas começam a diminuir. Tenho roupinhas e caminhas coloridas. Mesmo não podendo vê-las, eu posso senti-las. Ainda posso ouvir as vozes que me consolam com ternura. E isso é bom.

Por tudo isso, penso que no final, tudo dará certo. Minha madrinha ainda precisa de ajuda pra pagar o meu tratamento, e eu preciso de uma mãe.

Ouvi algumas pessoas dizendo que eu não serei adotado. Mas eu acho que sim. Eu perdi quase tudo: a juventude, a alegria, a saúde, e quase perdi a vida. Mas ainda conservo a esperança. Eu queria muito ter uma mãe, mesmo que fosse por um só dia.

Aliás, estou em treinamento, me preparando intensivamente para quando ela chegar.

Contato: Eliana Malta: (31) 9 9956.6810 (Vivo – WhatsApp).
Helena: (31) 9 8463.8494 (Vivo – WhatsApp).
E-mail: [email protected]

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