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REFÚGIOS

Jardineiro instala mais de mil ninhos para aves de Pedreira (SP)

Com sobras de madeira e muita dedicação, morador cria refúgios para aves nidificarem. Em troca, percebe o aumento da quantidade de aves e cantos no entorno.

31 de outubro de 2025
Giovanna Adelle
4 min. de leitura
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Foto: Arquivo pessoal

Na correria do dia a dia, tem gente que passa pelos pássaros sem nem notar. Mas em Pedreira (SP), um jardineiro decidiu parar, olhar e… agir. Paulo Roberto Bataglioli, jardineiro há mais de 25 anos, transforma sobras de madeira em lares para aves: desde 2022, ele já instalou voluntariamente mais de mil ninhos em casas, empresas e chácaras da cidade.

Tudo começou quando ele percebeu que as aves estavam perdendo espaço para construir suas casas. Ao podar árvores durante o trabalho ou ver ninhos caindo, ele se sentia responsável por ajudar. Foi assim que nasceu a ideia de reaproveitar materiais e devolver aos pássaros o que a cidade lhes tirava.

“Eu considero os passarinhos como meus amigos. Se eu estou ali roçando, eles estão junto, comendo. E eu via que não tinha buraco pra eles fazerem ninho… Aí falei: ‘tem coisa sobrando por todo lado, vou fazer ninho’. E deu certo”, diz o jardineiro de 48 anos.

Com a ajuda da esposa, Paulo trabalha em cada detalhe: do bambu às madeiras reaproveitadas, do gancho metálico às pinturas coloridas que deixam as casinhas ainda mais bonitas. Quando encontra ninhos que já estão desgastados, reforma-os ou substitui por novos.

A motivação, segundo ele, não é agradar os clientes que contratam o serviço de jardinagem, nem mesmo agradar a si próprio. Ele faz isso unicamente pelas aves, para que elas possam nidificar tranquilamente. Seu desejo é que Pedreira acumule cada vez mais aves e cantos, assim como algumas cidades de Minas Gerais.

Foto: Arquivo pessoal

Uma cidade que voa junto

Paulo nunca cobrou pelas casinhas. Já os comedouros, feitos em parceria com um marceneiro amigo, geralmente têm custo apenas para cobrir o material.

Mas o que realmente sustenta o projeto é a rede de apoio: moradores que doam tinta, madeira, parafusos e outros equipamentos. “Hoje eu até ganho tinta dos meus clientes. Tem várias pessoas que me ajudaram… e a gente vai fazendo.”

Moradores ilustres

O resultado desse trabalho pode ser visto e ouvido por toda a cidade. Canários-da-terra e corruíras são os visitantes mais frequentes. Mas já pousaram nas casinhas espécies como o bem-te-vi-rajado (Myiodynastes maculatus), o suiriri (Tyrannus melancholicus) e até a maria-cavaleira-do-rabo-enferrujado (Myiarchus tyrannulus), registrada por ele essa semana.

O trabalho de Paulo é silencioso, não exige aplausos. Mas a recompensa está logo acima: na sombra de uma árvore, no voo de um filhotinho, no canto que nasce dentro de uma casinha de madeira. Para ele, cuidar da natureza é reparar o que o nosso modo de viver causou.

Fonte: G1

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