Por Helena Terra (da Redação)
Manifestantes pró-caça às baleias protestaram em frente a um cinema em Tóquio, no Japão, onde estava sendo exibido o documentário “The Cove”, sobre uma vila onde se caçam golfinhos no Japão, publicou hoje o jornal Washington Post.
O filme, ganhador de Oscar, foi exibido neste sábado (3) apesar da pressão de grupos nacionalistas interessados em forçar o cancelamento das mostras.
Em um dos cinemas, em Tóquio, aproximadamente 30 manifestantes tremulavam bandeiras japonesas e banners contra o filme. A polícia foi acionada para conter a fúria da multidão. O protesto, porém, não impediu as pessoas de verem a película. As primeiras duas exibições tiveram seus ingressos esgotados.
“Eu não sabia sobre a existência da caça aos golfinhos. Seja na TV ou nos cinemas, os japoneses têm o direito de saber sobre essas coisas.” Disse Tomokazu Toshinai, 32, ao entrar no cinema.
No mês passado, três cinemas cancelaram a exibição do filme após protestos e campanhas. Grupos nacionalistas dizem que o filme é americano e “anti Japão”, que distorce a verdade e possui profundas ligações com organizações anti caça às baleias.
A questão levou a um grande debate na mídia sobre a liberdade de expressão. Jornais condenaram os cancelamentos das mostras e jornalistas, produtores e advogados evocaram aos cinemas que não deixassem de apresentar o filme.
Alguns cinemas estão tentando os dois lados, exibindo The Cove em uma sessão e documentários sobre baleeiros com uma visão nacionalista em outra.
“The Cove,” vencedor do Oscar 2010 por melhor documentário, tem como protagonista Ric O’Barry, ex-treinadior do filme e seriado “Flipper” que hoje é ativista em prol dos golfinhos. O documentário mostra um grupo de produtores de filmes que usando câmeras escondidas capturaram cenas da matança dos golfinhos em na pequena vila pesqueira de Taiji.
O governo de Taiji e a cooperativa pesqueira local defendem a caça de golfinhos como sendo uma longa tradição da cultura local, afirmando que os golfinhos caçados não estão em risco de extinção e que a caça também ocorre em outras partes do Japão embora pouquíssimos japoneses tenham comido carne de golfinhos.
O filme inclui uma entrevista com o fundador do Sea Shepherd Paul Watson, que está na lista de procurados da Interpol a requerimento do Japão por ter supostamente sido a mente por trás das perturbações aos navios baleeiros na Antártica.
Algumas das informações no filme foram questionadas pelo governo japonês e a versão nacional do filme inclui um aviso dizendo que a responsabilidade dos dados coletados é inteiramente dos produtores.
A questão vai além da liberdade de expressão, a questão permeia o direito dos animais, o respeito à fauna local e a responsabilidade com o meio ambiente. A luta em defesa dos animais não escolhe lado nem aponta para o ocidente ou apenas para o oriente. A luta mostra que a matança de animais, seja onde for, tem que acabar.