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ACOLHIMENTO

Japão abre fronteiras e flexibiliza regras para receber refugiados ucranianos com os seus animais

19 de abril de 2022
Bruna Araújo | Redação ANDA
5 min. de leitura
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Foto: Reprodução | Instagram | @uanimals.official

O Ministério da Agricultura, Silvicultura e Pesca do Japão anunciou que abrirá uma exceção e permitirá a entrada de refugiados ucranianos com os seus animais domésticos sem a exigência de documentação veterinária. A condição é que os animais que entrarem no país fiquem em quarentena e sejam examinados, vacinados e microchipados antes de se reencontrarem com os seus tutores, que para continuar no país com os seus animais precisarão realizar relatórios de saúde periódicos. Até o momento, cinco cães já entraram no país com os seus tutores.

Obstáculos na Europa

Enquanto Hungria, República Tcheca, Lituânia, Polônia, Romênia e Eslováquia flexibibilizaram a passagem de refugiados com os seus animais em suas fronteiras, o Reino Unido ainda estuda autorizar a entrada de animais sem documentações veterinárias e a Índia, o Marrocos e o Brasil enviaram voos especiais para resgatar seus cidadadões e levá-los de volta aos seus países natais, países da Europa Ocidental, como Alemanha, França e Itália ainda não se pronunciaram sobre a entrada de refugiados com os seus animais em seus territórios sem atender todas as exigências sanitárias.

Até o momento, estão sendo aceitos apenas animais que têm as carteiras de vacinação atualizadas e documentações que atestem a ausência de doenças infectocontagiosas. Representantes desses países afirmam que não pretendem flexibilizar a entrada de animais com refugiados porque, infelizmente, a raiva ainda não foi erradicada na Ucrânia. A Federação Alemã de Bem-Estar Animal, segundo a agência Deutsche Welle, acredita que é trágico separar tutores e animais nesse momento tão delicado, mas que os países europeus não podem correr o risco de uma pandemia zoonótica.

Para ajudar refugiados e seus animais que querem entrar na Eupora Ocidental, países como Hungria, Polônia e Lituânia estão providenciando documentações e passaportes veterinários. Mesmo assim, esses animais, quando chegam em seus novos lares, são mantidos em quarentena. Mais de três milhões de pessoas deixaram a Ucrânia, muitos companhia dos seus animais, enfrentando dias tortuosos em meio à neve, ao medo e o risco de seres alvos de bombardeios. Muitos cães e gatos foram transportados de forma improvisada, em sacolas, malas e até mesmo no colo.

Abandonos e dificuldades

Muitos civis ucranianos partiram do seu país natal após a invasão russa e deixaram seus animais domésticos em abrigos ou sozinhos em locais atingidos por bombardeios. Felizmente, muitos tutores compassivos optaram por enfrentar inúmeras adversidades para deixar o país na companhia dos seus amados e queridos animais, independente dos riscos e ameaças.

Desde o início do confronto, refugiados foram vistos deixando o país do leste europeu na companhia de cães, gatos, hamsters, coelhos e pássaros. A ucraniana Victoria Trofimenko, de 42 anos, resistiu a deixar Kiev, mas acabou fugindo com sua mãe e filha, mas nem cogitou deixar seu gato e seu cachorro para trás quando bombas caíram próximo à casa dela.

Ela afirma que não poderia deixar seus animais à própria sorte. “Não posso deixar meu cão e gato. Eu tenho que assumir a responsabilidade”, disse Trofimenko à Associated Press. Após uma longa viagem a pé, ela e sua família multiespécie embarcaram em um trem com destino à Hungria e depois rumaram em direção a Praga, na República Tcheca.

A presença dos animais traz conforto e força para as famílias. Desde o início da guerra, homens entre 18 e 60 anos foram convocados para o front e muitas mulheres e crianças estão partindo apenas com os seus animais, que os ajudam a alimentar esperanças por dias mais pacíficos e seguros. Famílias unidas precisam permanecer unidas em todas as circunstâncias.

Apesar dos países que fazem fronteira com a Ucrânia terem flexibilizado a entrada de animais sem as documentações obrigatórias, muitos tutores optaram por deixar seus animais em abrigos ou sobre a responsabilidade de voluntários e protetores. No entanto, a situação na Ucrânia está ficando cada vez mais perigosa para os animais.

Sem piedade

Bombas russas atingiram dois abrigos, um em Gorlovka e outro em Donetsk, ambos no leste da Ucrânia. Não há estatísticas oficiais, mas segundo informações do Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal (IFAW), muitos cães e gatos morreram, as estruturas dos locais sofreram sérios danos e muitos animais, apavorados, fugiram. Voluntários estão se dividindo entre resgatar os animais que correram em direção a zonas de confronto e cuidar dos animais que ficaram feridos com estilhaços.

A IFAW afirma que destinou cerca de £ 114.000 em ajuda de emergência e pede que outras organizações internacionais enviem suprimentos e auxílio. James Sawyer, diretor da entidade, afirma que, infelizmente, não é possível enviar voluntários para ajudar presencialmente, o que, sem dúvidas, seria de grande valia nesse momento. “A coisa mais útil agora é fornecer recursos aos grupos locais. Não podemos colocar botas no chão, é muito perigoso”, disse ao The Mirror.

O abrigo Holivka, localizado em Gorlovka, acolhe aproximadamente 300 animais e foi gravemente afetado. “Os funcionários dos abrigos ainda estão no local e forneceremos recursos para que eles possam continuar cuidando dos cães. As condições são muito difíceis”, disse James, que está em contato direto com a equipe do local. Os voluntários que aceitaram arriscar suas vidas para proteger os animais contam que não há energia elétrica e não podem fazer fogueiras.

O abrigo Pif, em Donetsk, foi o que sofreu mais danos, com dezenas de cães e gatos mortos e muitos animais feridos. O local acolhe 800 animais e está lutado para se manter de pé. A maior preocupação dos voluntários é a falta de suprimentos. Com o dinheiro que receberam, eles conseguiram comprar poucos estoques de fornecedores locais, mas se a guerra se prolongar por muito mais tempo, os animais ficarão sem comida e medicamentos.

James afirma estar surpreso com os ataques russos, que não estão poupando hospitais e abrigos, zonas consideradas neutras. “É bastante incomum vermos abrigos de animais sendo atacados de forma gratuita e covarde. Eles não são particularmente um alvo de guerra”. Apesar das dificuldades, ele esclarece que não deixará de ajudar. “Estamos trabalhando duro globalmente nessa questão. Continuaremos muito comprometidos com os animais”, pontuou.

O clima nos abrigos é de tensão. Voluntários explicam que os cães e gatos mantidos nos locais estão desenvolvendo sinais de intenso sofrimento emocional e muitos estão buscando lugares para se esconder. Eles também sentem a tensão que envolve toda a equipe e estão extremamente introspectivos. “Queremos muito paz. Estamos extremamente cansados ​​mental e fisicamente”, finalizou uma voluntária.

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