A conservacionista mundialmente reconhecida Jane Goodall recentemente comprometeu-se a fazer a narração de Meat the Future, um novo filme sobre carne cultivada em laboratório. Dirigido pela cineasta premiada Liz Marshall — que também criou o filme de direitos animais Ghosts in Our Machine — o documentário acompanha a empresa de cultivo de carne Upside Foods (anteriormente conhecida como Memphis Meats) em seu trabalho em nome da missão de tornar a agricultura animal tradicional obsoleta. Fundada pelo cardiologista Uma Valeti, a Upside Foods usa uma pequena quantidade de células animais e as cultiva em um birreator. O resultado é carne real e sustentável idêntica à sua versão tradicional, proveniente de animais abatidos.
Meat the Future segue o trajeto da Upside Foods ao longo de cinco anos, desde sua primeira almôndega cultivada em laboratório, cuja produção custou 18 mil dólares, até um filé de frango e pato com laranja criados pela metade do custo, na tentativa de mostrar como a próxima “revolução agricultural” está se desenvolvendo. “Ao longo de cinco anos, nossas câmeras focaram na linha de frente de um movimento de mudanças históricas e promissoras”, diz Marshall em um depoimento. “Qual futuro aguarda a carne artificial é incerto, mas acredito que esta jornada revolucionária deixará sua marca no mundo por um longo tempo.”
O filme estreou em uma apresentação especial no 2020 Hot Docs Film Festival, no Canadá, e seus direitos de comercialização internacional (fora do Canadá) são representados pela MetFilm Sales. Desde sua estreia no Canadá, Meat the Future foi atualizado para distribuição mundial com a inclusão de notícias de última hora, música do cantor e tocador Moby (que também serve de produtor executivo do filme) e a narração de Goodall.
Jane Goodall apoia o cultivo de carne em laboratório
Goodall trabalha há mais de seis décadas como conservacionista, primariamente no campo da primatologia. Em anos recentes, a ativista de 87 anos pronunciou seu apoio a projetos que fazem do meio-ambiente a prioridade máxima. Com a futura conferência COP 26 em Glasgow, Reino Unido, Goodall faz publicidade de Meat the Future para divulgar a carne à base de células como uma solução à agricultura animal tradicional, que causa de 14.5 a 16.5% de todas as emissões antropogênicas de gases de efeito estufa.
“Estou animada quanto ao documentário pois é uma proposta de soluções”, disse Goodall em um depoimento. “O filme sugere um caminho a ser seguido na redução de metano, do uso de água e terra, na diminuição do sofrimento dos animais, e na prevenção de futuros surtos virais. Espero que ele toque sua imaginação e inspire mudanças.”
Além de Goodall, o músico e vegano de longa data Moby faz sua parte para que a mensagem de Meat the Future alcance uma audiência maior. “É com muita alegria e orgulho que anuncio que sou Produtor Executivo do documentário Meat the Future, da premiada escritora-diretora Liz Marshall”, diz Moby em um depoimento. “É sobre o notável desenvolvimento do cultivo de carne artificial, que será de ajuda para salvarmos o único lar que temos no combate às mudanças climáticas.”
Trazendo a carne de laboratório às massas
Atualmente, o único país no mundo que concede aprovação regulamentar ao cultivo de carne artificial é Singapura — que permitiu a comercialização do frango à base de células da Eat Just ao fim do ano passado. Entretanto, conforme a tecnologia continua a se desenvolver e empresas de todo o mundo se preparam para iniciar a comercialização de seus produtos, espera-se que mais governos passem a seguir a tendência — uma decisão louvável que seria de grande benefício ao meio-ambiente. Em comparação à agricultura animal, a produção de carne à base de células reduz o uso de terra em 95%, emissões causadoras de mudança climática de 74% a 87%, e poluição por nutrientes em 94%.
A empresa acompanhada pelo filme, Upside Foods, obteve 161 bilhões de dólares em uma rodada de financiamento Série B em Janeiro de 2020, o maior investimento já realizado na emergente indústria de carne à base de células. Este ano, a startup também assinou sua primeira parceria com a cozinheira Dominique Crenn — a primeira mulher nos Estados Unidos a ser premiada com três estrelas Michelin. Enquanto aguarda aprovação regulamentar, Crenn anseia pela adição do frango à base de células da Upside no cardápio de seu restaurante em São Francisco, Atelier Crenn, que já não serve mais carne desde 2018.
Filmes veganos combatem mudanças climáticas
Outro filme apoiado por celebridades, Eating Our Way to Extinction, fez sua estreia mundial de um dia em 16 de Setembro. Narrado pela estrela de Titanic, Kate Winslet, e com apoio de sua co-estrela e ambientalista Leonardo DiCaprio (que recentemente investiu em duas empresas de carne à base de células), o filme mostra os efeitos devastadores da agricultura animal sobre aqueles que sentem em primeira mão as consequências das mudanças climáticas.
O lançamento de Eating Our Way to Extinction também está agendado para acontecer logo antes da conferência COP26 em Novembro na tentativa de persuadir líderes mundiais a incluir a agricultura animal em todas as discussões sobre a crise climática. Uma quantidade de campanhas globais, incluindo a #CowIntheRoom — campanha liderada pela Sociedade Humanitária Internacional e apoiada por celebridades como Billie Eilish, Joaquin Phoenix, e Moby — surgiram para garantir que as discussões climáticas cruciais abordem os devastadores efeitos da agricultura animal sobre o planeta.