Pelo segundo ano consecutivo, a Islândia não realizará a temporada de comercial de baleias-comuns. A Hvalur hf., única empresa que realiza a matança, anunciou a suspensão das operações em 2025, alegando “desafios econômicos”, incluindo a queda na demanda do Japão, principal importador da carne baleia. Embora a notícia seja positiva, não reflete uma mudança real na política do país, que continua autorizando a matança anual de centenas de animais.
Kristján Loftsson, CEO da Hvalur, afirmou ao jornal Morgunblaðið que os altos custos de transporte e o mercado japonês desfavorável inviabilizaram a caça este ano. “Nada de caça nesta temporada”, declarou.
A justificativa econômica apenas comprova o que já se sabia: a caça às baleias é um negócio em declínio, sustentado por subsídios e inércia política, enquanto o turismo de observação e a oposição pública crescem.
Em 2023, um relatório encomendado pelo governo islandês revelou que os métodos de caça causam agonia prolongada às baleias, que são atingidas por arpões explosivos que não as matam instantaneamente. A ministra da Alimentação, Svandís Svavarsdóttir, chegou a suspender temporariamente a temporada, mas a pressão da indústria fez com que a proibição fosse revertida. Desde então, regulamentações de “bem-estar animal” foram implementadas, mas as medidas são insuficientes.
Apesar da pausa da Hvalur, o governo islandês renovou as cotas de caça em 2024, permitindo a matança de 209 baleias-comuns e 217 baleias-minke por ano até 2028. A justificativa oficial é a “gestão sustentável de recursos”, mas não há justificativa ética ou ecológica para continuar esse extermínio em pleno século XXI.
Enquanto isso, a única outra empresa com licença para caçar baleias-minke, a Tjaldtangi ehf., não opera desde 2021 – um sinal de que o mercado interno também encolheu.
Pesquisas de opinião mostram que a maioria dos islandeses, especialmente os jovens, rejeita a caça. Um levantamento da Maskína em 2023 apontou que 51% da população se opõe à prática, enquanto o turismo de observação de baleias movimenta milhões de euros anualmente, provando que a população quer ver os animais vivos.
A suspensão temporária da Hvalur é um alívio para as baleias, mas não uma vitória. Enquanto a legislação permitir a caça, a ameaça persiste. Precisamos de uma proibição permanente, alinhada com a tendência global de proteção aos cetáceos.