Uma reportagem investigativa do Fantástico no último domingo (19), e noticiada no G1, analisou a denúncia da caça ao javali, que segundo especialistas, está sendo utilizada como pretexto para grupos se armarem inclusive com fuzis.
Considerando a flexibilização do acesso a armamentos, um símbolo marcante do governo Bolsonaro, o número de caçadores aumentou. Este número crescente de portadores de arma em contexto de caça pode, segundo especialistas, representar um risco.
Ainda que a lei proíba a caça no Brasil, o javali é a única exceção. Importante ressaltar que há limitações quanto à caça deste animal, podendo esta ser apenas a de manejo, ou seja, a morte para evitar a reprodução de javalis e a destruição das plantações. Este manejo ainda deve ser feito sem maus-tratos.
Ainda que a caça do animal deveria ser apenas a de manejo, a apuração do Fantástico de dois meses descobriu uma realidade bem diferente da prevista na lei, e de alto risco.
O manejo do javali foi autorizado pelo Ibama em território nacional em 2012, sendo ele permitido devido ao risco de transmissão de doenças e a partir de relatos de agricultores quanto aos impactos negativos dos javalis nas plantações, que consomem elas (especialmente as plantações de milho e soja).
Porém, a liberação do abate de javalis, com o objetivo de diminuir esta população, não vem correspondendo com os números crescentes do animal. Ainda em 2016, existia javali em 563 municípios, segundo o Ibama. Em 2019, o número quase triplicou: o animal estava presente em 1.536 municípios, em maior parte nas regiões Sul e Sudeste.
Estudos indicam que a velocidade de expansão do javali no Brasil é 11 vezes maior do que a do Uruguai, por exemplo. Este aumento muito destoante mostra que possivelmente há intenção para o aumento destes animais.
Não se sabe estatisticamente a quantidade de javalis no Brasil, ou os impactos negativos que causam, mas há uma unanimidade de especialistas quanto a necessidade de controle da população de javalis no país, e o problema base pode estar sendo o uso da caça de javalis como pretexto para compra de armas.
Segundo o Fantástico, em parceria com o G1, foram emitidos pelo Exército, entre janeiro de 2019 e agosto deste ano, 193.539 certificados de registro de caçador, o chamado CR. Em relação ao mesmo período entre 2016 e 2018, o aumento chega a 243%.
E ainda, apenas este ano até agosto, foram 75.289 emissões de certificados de caçador, número maior que os registrados nos cinco anos anteriores. Atualmente, são 250 mil caçadores legalizados no Brasil.