Com a chegada do inverno, a expectativa de temperaturas amenas e frentes frias é comum em várias partes do Brasil. No entanto, em 2024, a estação pode surpreender. A previsão é de que as temperaturas fiquem até 3ºC acima da média histórica, de acordo com a Climatempo. O fenômeno é reflexo de condições climáticas anômalas que não só o Brasil, mas todo o planeta vem enfrentando. Este aumento nas temperaturas não é um evento isolado, mas sim parte de um padrão mais amplo de aquecimento global exacerbado pelas mudanças climáticas.
Um dos fatores que contribuem para essas altas temperaturas é o El Niño, um fenômeno climático que aquece as águas do Pacífico e influencia o clima global, incluindo o aumento das temperaturas médias. Contudo, o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) revela que as mudanças climáticas causadas pela ação humana, nas últimas décadas, têm aumentado as temperaturas médias de inverno no Brasil. Entre 2010 e 2020, as temperaturas mínimas de inverno subiram cerca de 1,2°C em diversas regiões do país.
Os impactos do aquecimento são mais notáveis nas regiões Sul e Sudeste do país. Cidades como São Paulo e Curitiba têm registrado invernos mais quentes, com uma diminuição na frequência de episódios de frio intenso e um aumento nas ondas de calor fora de época. A concentração de chuvas nos extremos do país, especialmente no Sul, contrasta com o centro-oeste, onde uma massa de ar quente e seca predomina.
Riscos para a saúde pública e importância do Brasil sobre o clima global
Os padrões climáticos extremos, como a seca prolongada no Brasil central e as chuvas intensas no Sul, apresentam problemas na saúde pública, economia e biodiversidade. A agricultura, que depende de padrões climáticos previsíveis, está particularmente vulnerável. A disponibilidade de água também está em risco, afetando tanto o abastecimento urbano quanto rural.
Dado o vasto território e extensas florestas, o Brasil auxilia na mitigação das mudanças climáticas globais. O país se comprometeu com metas ambiciosas, como a redução das emissões de gases de efeito estufa em 43% até 2030, conforme o Tratado de Paris. Além disso, houve também o compromisso em acabar com o desmatamento ilegal até 2030, reflorestar 12 milhões de hectares e restaurar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas.
Os últimos oito anos foram os mais quentes já registrados, com temperaturas globais consistentemente acima dos níveis pré-industriais. Dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM) indicam que em 2022 a temperatura média global foi aproximadamente 1,15°C acima da média pré-industrial, mesmo com os efeitos resfriadores do fenômeno La Niña em alguns anos.
Por meio de nota ao Climatempo, o biólogo Paulo Jubilut, enfatiza a necessidade de intensificar as ações de mitigação e adaptação para enfrentar os desafios climáticos. Segundo ele, a implementação de políticas ambientais eficazes, a transição para fontes de energia renováveis e a conservação das florestas são passos para um futuro sustentável.
“O impacto das mudanças climáticas já é visível em diversas regiões do Brasil. A seca prolongada no Brasil central e as chuvas intensas na região Sul, especialmente no estado do Rio Grande do Sul, são exemplos claros de como os padrões climáticos estão se tornando mais extremos e imprevisíveis”, observou.
“A implementação de políticas ambientais eficazes, a transição para fontes de energia renováveis e a conservação das florestas são passos fundamentais para garantir um futuro sustentável e minimizar os impactos das mudanças climáticas”, concluiu.
Fonte: Correio Braziliense